Associação Ateísta Portuguea (AAP) - Almoço comemorativo do 5.º Aniversário
Associação Ateísta Portuguesa – 5.º
Aniversário
Mensagem
Ao celebramos
o 5.º aniversário da Associação Ateísta Portuguesa (AAP) saúdo todos os sócios,
ateus e ateias, os que vieram e os que não puderam vir, e ainda os agnósticos, racionalistas
e todos os livres-pensadores, especialmente os que vivem em países onde são
perseguidos e mortos pelo fanatismo das teocracias ou marginalizados pelo
poder, onde as religiões se infiltraram no aparelho do Estado.
A minha
solidariedade, neste momento, vai sobretudo para os resistentes ao processo de
reislamização na Turquia, que ora proíbe carícias em público, ora restringe a
venda e o consumo de álcool e não tardará a banir a carne de porco, a impor
cinco orações diárias, normas de vestuário, hábitos alimentares e, finalmente,
a sharia, de acordo com o Corão.
A AAP repudia
o proselitismo e não será a central de propaganda que incense o ateísmo ou
promova a xenofobia. Defende, sim, a laicidade do Estado, e não se calará
perante a ameaça de religiões, que fomentam a xenofobia, o racismo, a misoginia
e a homofobia.
Vemos com
preocupação, os judeus das trancinhas à Dama das Camélias, a promover o
sionismo, levando a violência e a morte à faixa de Gaza, e, com igual repulsa,
islamitas a imporem a sharia na
Palestina.
Por todo o lado, do protestantismo evangélico
ao cristianismo ortodoxo, do catolicismo dos exorcismos e milagres ao fascismo
islâmico, do judaísmo sionista ao hinduísmo das castas e vacas sagradas, as
religiões rivalizam em malignidade com a sua falsidade.
Em Portugal,
com o agravamento das condições económicas e sociais, a Igreja católica faz
valer esse ultraje à Constituição – a Concordata –, e a Lei da liberdade
religiosa feita à medida dos privilégios que reduzem Portugal a protetorado do
Vaticano. A fé não se pode impor por tratados nem os Estados assumir a sua difusão.
A laicidade é requisito da tolerância e garantia da liberdade para todas e cada
uma das religiões.
Os
professores de Religião católica, nomeados e exonerados discricionariamente
pelos bispos, mas pagos pelo Estado, doutrinam adolescentes nas escolas
públicas enquanto aumentam o poder na educação e na assistência, particulares,
à medida que o SNS vai sendo desmantelado.
O feriado do
5 de outubro, data emblemática do regime e da separação da Igreja e do Estado,
foi suprimido em conluio com a Igreja católica, a única que acrescenta aos 52
domingos, os únicos feriados religiosos que existem, em igualdade com os
cívicos.
Cabe à AAP
lutar para que, neste período de crise, o IMI e o IRC sejam estendidos às
instituições da Igreja católica. Os privilégios de que goza são uma ofensa à
laicidade e fonte de injustiça, em concorrência desleal com lares, hospitais,
universidade, editoras, colégios e outros estabelecimentos comerciais não isentos
de impostos. A AAP defende a igualdade dos cidadãos perante a lei e a laicidade
do Estado, respeitando os crentes e combatendo o poder das religiões, rumo a
uma sociedade onde as crenças particulares não interfiram nos assuntos de
Estado.
Porque
pensamos que não há sociedades livres sem respeito pela liberdade individual e
pela igualdade de género, repudiamos a moral imposta pelas religiões, gozando a
vida, este bem único e irrepetível a fruir até ao limite do nosso prazo ou da
nossa decisão.
Caros ateus e
ateias, bem-vindos ao almoço do 5.º aniversário da AAP. Viva o
livre-pensamento.
Coimbra, 08-06-2013
a) Presidente da AAP
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