Algumas notas sem título

Não, não é por masoquismo que oiço Passos Coelho e, muito menos, com a arrogância intelectual de quem se julga superior. Aliás, interrogo-me sobre o meu carácter quando o nível de desprezo atinge proporções de que me julgava moralmente incapaz.

Sei que um imperador romano fez cônsul um cavalo como Relvas fez primeiro-ministro Passos Coelho. Há instantes de leviandade na vida de todos nós e o ataque ad hominem é quase sempre pusilânime, mas não sei como fugir-lhe.

Ouvi o putativo líder do PSD a debitar inanidades na apresentação do candidato apoiado pelo PSD/ CDS à Câmara Municipal da Amadora, com igual convicção à do PR quando  diz que ainda está para nascer um homem mais sério do que ele.

Era um homem isolado, um erro de casting no ecrã da televisão onde parecia dirigir-se a uma sala donde, quando as pausas do discurso se prolongavam, saíam palmas gravadas ou de encomenda. Não vi os candidatos, nem a força pública, nem o público à força. Só Passos Coelho com o entusiasmo com que os bois vão para o açougue.

Este apontamento deve-se ao facto de PPC ter afirmado «não ter medo do resultado das eleições autárquicas, nem das europeias, nem dos portugueses, nem do seu julgamento».

Decididamente, Passos Coelho deixou de temer o ridículo. Quando, perante o milhão de desempregados, o aumento da dívida, a devastação do tecido económico e a destruição do País, se perde o medo ao julgamento dos portugueses, é porque o autismo o atingiu, a insânia o afetou e as sinapses dos neurónios deixaram de conectar-se.

Se não fossem os males do País tínhamos obrigação de olhar por ele. No aniversário da sua vitória nas legislativas, Passos Coelho transformou um comício num velório.

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