O ‘affair Snowden’ e as relações: UE/EUA…
O periódico alemão Der Spiegel (edição on line em inglês link) revela que serviços secretos americanos (NSA – National Security Agency) têm vindo a espiar - através escutas telefónicas, controlo de e-mails e de colocação de microfones ocultos - instituições e organismos oficiais da UE, nomeadamente, as representações diplomáticas em Washington e na ONU e instalações da NATO em Bruxelas.
Documentos datados de 2010, oriundos dos serviços de inteligência norte-americanos, citados pelo Spiegel, os países europeus figuram como um ‘alvo’ (location target).
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, já saiu a terreiro exigindo uma ‘total clarificação desta situação' que considerou como susceptível de afectar as relações EU/EUA link.
Este gravíssimo incidente diplomático mostra como a filosofia de alianças no Mundo actual tem por base um somatório de mistificações.
As declarações de Susan Rice link defendendo que as revelações de Edward Snowden não afectam o Presidente Obama e as relações externas norte-americanas são um contributo para adensar ainda mais esta preocupante situação. Esta posição vinda de um destacado elemento do restrito núcleo de segurança que ‘aconselha’ o presidente dos EUA significa, à priori, que estas intoleráveis manobras são para continuar. A primeira posição pública tomada sobre este ‘affair’ mostra – ao contrário do que afirmou a Srª. Rice – que este assunto vai ter vastas consequências no plano da rede internacional de alianças construída por Washington. E, com toda a probabilidade, enfraquecerá um dos objectivos invocados para ‘justificar’ este escândalo, i. e., a ‘luta contra o terrorismo’.
A situação do Presidente Obama está a complicar-se. Já não bastava Guantámano, os voos secretos da CIA, o Wikileaks para afectar a idoneidade deste combate. O ‘caso Snowden’ é, portanto, mais uma acha para uma fogueira que não pára de crescer.
Fora a reacção do presidente do Parlamento Europeu e do Ministro dos Negócios Estrangeiros luxemburguês, Jean Asselborn, que teve a coragem de afirmar: “se esses relatos são verdadeiros, é nojento” link. de relevante será o intrigante silêncio das instâncias europeias.
Durão Barroso sempre lesto a opinar sobre tudo e todos mantém sobre este caso um ensurdecedor silêncio. Na verdade, o presidente da CE deve estar muito ocupado com as negociações UE/EUA à volta de um acordo de comércio livre link para se preocupar com questiúnculas ‘reaccionárias’ sobre 'espionices'. Os assuntos relativos a liberdades direitos e garantias serão para este 'mordomo' da reunião da Base das Lajes de 2003 mais uma posição anti-americana, 'irresponsável' e que não devem inquinar o acordo em perspectiva. Algumas (muitas) coisas têm sido sacrificados no altar da luta contra o terrorismo, outras na gamela de acordos financeiros e comerciais.
Durão Barroso sempre lesto a opinar sobre tudo e todos mantém sobre este caso um ensurdecedor silêncio. Na verdade, o presidente da CE deve estar muito ocupado com as negociações UE/EUA à volta de um acordo de comércio livre link para se preocupar com questiúnculas ‘reaccionárias’ sobre 'espionices'. Os assuntos relativos a liberdades direitos e garantias serão para este 'mordomo' da reunião da Base das Lajes de 2003 mais uma posição anti-americana, 'irresponsável' e que não devem inquinar o acordo em perspectiva. Algumas (muitas) coisas têm sido sacrificados no altar da luta contra o terrorismo, outras na gamela de acordos financeiros e comerciais.
No fim da linha os cidadãos europeus e os organismos comunitários ambos enxovalhados por estas condutas escandalosas mas com a possibilidade de – a firmar-se um acordo de comércio livre sob a batuta de D. Barroso – se tornarem mais eficientes, competitivos, etc., i. e., subjugados, mas ricos!. E deste modo só o comércio merecerá continuar a ser ‘livre’.
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