Cavaco, o Governo e o futuro
Dois anos volvidos sobre a vitória eleitoral do PSD, catástrofe precipitada pela pressa do PR, fracassada a traquinice das escutas, suportamos este Governo presidencial que quis repetir em Portugal a pungente experiência chilena sem mortos e desaparecidos.
Acontece, porém, que não se morre apenas empurrado dos aviões da Marinha ou nos campos de atrocidades à guarda de torturadores. Morre-se lenta e eficazmente através do desemprego, do medo e da fome. No Chile desapareciam as vítimas e eram menos os cadáveres do que os defuntos; em Portugal são poucos os mortos, por enquanto, mas são já numerosos os cadáveres de uma experiência da agenda escondida do Governo.
Cavaco, na pressa e no ódio de afastar Sócrates, apoiou o memorando de entendimento cujo principal obreiro – segundo o próprio –, foi o seu indefetível Eduardo Catroga. Na urgência que se adivinhava no inenarrável discurso de vitória eleitoral, o PR não cuidou de saber o que o seu partido trazia no ventre, um feto teratogénico que, em caso de parto prematuro, seria o líder do Governo. Nem esperou por uma ecografia que lhe detetasse as malformações enquanto o partido o revezasse. Dissolveu a AR e suscitou a cesariana.
Após a falência do banco Lehman Brothers, provocada pela desregulação financeira, e a crise que se lhe seguiu, à escala mundial, chegámos, em Portugal, ao 12.º trimestre consecutivo de recessão, uma tragédia sem precedentes, e um milhão de desempregados que não encontra paralelo depois do 25 de Abril.
Quando Cavaco deu o empurrão ao anterior Governo, como reconheceu Santana Lopes, e o PSD obrigou Passos Coelho a inviabilizar o PEC IV, sob pena de ir para eleições no partido se não as provocasse no País, como confirmou Lobo Xavier, mal pensava o PR que isso lhe ia custar a clausura em Belém e as vaias na rua.
Não é impunemente que se anuncia, e cumpre, o acelerado empobrecimento de um país, para reduzir o consumo e conseguir o desmantelamento do tecido económico nacional.
Houve em Portugal, no PSD, centralismo democrático, o pressuposto ideológico que me preveniu contra as opções ideológicas a que muitos companheiros da minha juventude aderiram. Curiosamente, a teoria leninista que levou ao poder, na URSS, Estaline, um tirano com cabeça, em Portugal condenou-nos a Passos Coelho, um líder sem ela.
Quando amanhã o PSD comemorar envergonhadamente dois anos da vitória de Passos Coelho, o País chora desolado o biénio de todas as desilusões. Com a dívida que temos e os juros a que somos obrigados não há futuro. Só nos resta resistir ao haraquíri.
Acontece, porém, que não se morre apenas empurrado dos aviões da Marinha ou nos campos de atrocidades à guarda de torturadores. Morre-se lenta e eficazmente através do desemprego, do medo e da fome. No Chile desapareciam as vítimas e eram menos os cadáveres do que os defuntos; em Portugal são poucos os mortos, por enquanto, mas são já numerosos os cadáveres de uma experiência da agenda escondida do Governo.
Cavaco, na pressa e no ódio de afastar Sócrates, apoiou o memorando de entendimento cujo principal obreiro – segundo o próprio –, foi o seu indefetível Eduardo Catroga. Na urgência que se adivinhava no inenarrável discurso de vitória eleitoral, o PR não cuidou de saber o que o seu partido trazia no ventre, um feto teratogénico que, em caso de parto prematuro, seria o líder do Governo. Nem esperou por uma ecografia que lhe detetasse as malformações enquanto o partido o revezasse. Dissolveu a AR e suscitou a cesariana.
Após a falência do banco Lehman Brothers, provocada pela desregulação financeira, e a crise que se lhe seguiu, à escala mundial, chegámos, em Portugal, ao 12.º trimestre consecutivo de recessão, uma tragédia sem precedentes, e um milhão de desempregados que não encontra paralelo depois do 25 de Abril.
Quando Cavaco deu o empurrão ao anterior Governo, como reconheceu Santana Lopes, e o PSD obrigou Passos Coelho a inviabilizar o PEC IV, sob pena de ir para eleições no partido se não as provocasse no País, como confirmou Lobo Xavier, mal pensava o PR que isso lhe ia custar a clausura em Belém e as vaias na rua.
Não é impunemente que se anuncia, e cumpre, o acelerado empobrecimento de um país, para reduzir o consumo e conseguir o desmantelamento do tecido económico nacional.
Houve em Portugal, no PSD, centralismo democrático, o pressuposto ideológico que me preveniu contra as opções ideológicas a que muitos companheiros da minha juventude aderiram. Curiosamente, a teoria leninista que levou ao poder, na URSS, Estaline, um tirano com cabeça, em Portugal condenou-nos a Passos Coelho, um líder sem ela.
Quando amanhã o PSD comemorar envergonhadamente dois anos da vitória de Passos Coelho, o País chora desolado o biénio de todas as desilusões. Com a dívida que temos e os juros a que somos obrigados não há futuro. Só nos resta resistir ao haraquíri.
Comentários
Vão comemorar festivamente (e não envergonhadamente) os 2 anos de deriva neoliberal. Deverá - suponho - correr champanhe como na demissão do secretário de Estado da Energia.
As festividades terão lugar no recôndito dos gabinetes fora dos olhares dos desempregados e dos esfomeados. Não se atrevem a pisar a rua.
Mas esta vitória - obrigá-los ao mais discreto recato! - é coisa de pouca monta. Os 'estragos' destes 2 anos demorarão 20 anos a reverter.
A herança é ignóbil e os problemas criados por este Governo gravíssimos.
Por cada dia a mais que permanecerem no exercício de funções maior será a desgraça.
Basta!
Não é por pudor, é por medo.