As culpas dos fogos e a propriedade da terra

Em declarações à televisão, Carlos Encarnação, referindo-se aos trágicos incêndios que cercam a cidade, acusou a retirada de meios aéreos como responsáveis pela propagação dos fogos ao concelho de Coimbra.

No ar pareceu ficar uma insinuação. Nas declarações, nem uma ideia para que a tragédia não se repita.

As Câmara Municipais estão isentas de culpas?

Não há ordenamento territorial possível nem prevenção eficaz dos fogos se não se mexer na propriedade da terra.

Sob a iminência de um país que se reduz a pedras calcinadas, o Governo será capaz de mexer na propriedade dos solos? Ou manter-se-á sagrada?

Quem autoriza a construção de casas no meio da floresta?

Comentários

Anónimo disse…
A terrinha é sagrada ... Não lhe ligam nenhuma, mas é a minha terrinha !!! Um dos grandes problemas portugueses é a ruralidade sec.XIX.
Quanto a Encarnação, não teve vergonha de aparecer na TV a pedir o auxílio da população de Coimbra, para fornecer cobertores, etc, para 28 desalojados ! Será que a CMC não tem capacidade para resolver o problema ?
Anónimo disse…
Foi muito bonito o gesto de solidariedade dos conimbricenses.
"Grande adesão", afirmou a TVI.
Por aqui se prova, mais uma vez, que as pessoas são mais importantes que o Estado.
Aliás, pensando bem, o Estado não existe.
Anónimo disse…
JRD:
Boa! Tens memória e capacidade de associação.

Obrigado.
Anónimo disse…
para o Anonymous duas recomendações : pense duas vezes quando vir a TVI e não pense que o Estado é alguma coisa esquisita sem pessoas dentro. Se assim for, a culpa também é sua. Há ainda a possibilidade de ser anarco-cristão ... pelo menos pelo discurso supostamente humanista, porém, em contradição com o resto : o Estado não existe (diz ele) ...
Anónimo disse…
Queria só lembrar que há um mês atrás o Encarnação andou a passear de jeep com os bombeiros nas matas de vale de canas e apareceu nos jornais com o mesmo sorriso cínico com que aparece nos cartazes de campanha, e a dizer que estava tudo preparado para os incêndios em Coimbra.
Como é evidente, aquilo foi uma acção de campanha, em concreto a autarquia não fez nada para evitar qualquer incêndio em vale de canas nem em parte nenhuma da cidade e isso provou-se agora.
Será que a culpa é do Sócrates por ter estado de férias ou é de quem devia ter mantido a limpeza das matas, manter as acessibilidades ao local em condições e ter um plano de contingência para estas calamidades?
Anónimo disse…
O Dr Encarnação está a levar o seu personagem de boneco risonho longe demais....

Sr Presidente há alturas em que deve tirá esse riso demente
paulo disse…
Ganha-se mais dinheiro a combater incêndios que a preveni-los. É esta a principal realidade subjacente ao inferno sazonal. Faz-se dinheiro a equipar bombeiros, a alugar aqueles aviõezinhos que só carregam uma malga d'água, a vender a madeirinha ardida, a urbanizar o caos posterior com vista para o pinhal; Depois ganha-se mais dinheiro em campanhas de prevenção cujo foco são normalmente os urbanos que sabem ler; volta-se a ganhar uns votos com o realojamento das pobres vítimas, e assim arde um país. Porque dá lucro.
Evidentemente que também é da seca, evidentemente que é também o acumular de décadas de incúria, evidentemente que a culpa é também dos anteriores governos, evidentemente que as próprias populações são desmazeladas até ao criminoso, mas o pínaculo destas capelas imperfeitas é a massa. A deliciosa massinha.
Até um dia em que a realidade de um deserto metasahaariano nos faça organizar bem mais que o prólogo do Dakar. Como dizia alguém outro dia, podem ir todos para o Quénia.
Anónimo disse…
Já pensaram que o Sócrates já foi responsável pelo Ambiente e nada fez pelo património florestal.
Pudera! ... estava preocupado com a co-incineração.
Anónimo disse…
Esta da incineração? Co-incinerada precisava de ser muita gente se calhar. A começar pelos que pretendem acabar com o minifúndio como pretensa medida de prevenção aos incêndios florestais. Loucos! as grandes propriedades do estado e dos grandes madeireiros privados naão ardem? Não ardem pouco, ardem muito. Estão melhor limpas e cuidadas? Tretas, propagadas por um esquerdismo serôdio e persistente. A unica forma de manter alguma biodiversidade e evitar as grandes manchas florestais mono-espécie, que é a principal razão dos grandes incêndios é exactamente manter o sistema de propriedade baseada em minifúndios. Onde estes desapareceram instala-se uma floresta anacrónica, onde o caos dos incêndios prolifera ano após ano.
Anónimo disse…
Veja-se o que está no 'site' do PS:
José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa
Natural de Vilar de Maçada, concelho de Alijó, distrito de Vila Real, em 06.09.1957.
Licenciado em Engenharia Civil, concluiu depois uma pós-graduação em Engenharia Sanitária, na Escola Nacional de Saúde Pública.
Pouco depois do 25 de Abril, com 16 anos, ingressou na JSD, saindo em ruptura logo no ano seguinte, de 1975. Militante do Partido Socialista desde 1981.
Presidente da Federação Distrital de Castelo Branco entre 1986 e 1995.
Integra o Secretariado Nacional do Partido Socialista desde 1991.
Nesse mesmo ano de 1991 iniciou também funções como Porta-voz do PS para a área do Ambiente.
Deputado à Assembleia da República desde 1987, pelo círculo de Castelo Branco.
Secretário de Estado Adjunto do Ministro do Ambiente no XIII Governo Constitucional, entre 1995 e 1997, com competências delegadas em matérias de ambiente e defesa do consumidor.
Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro no XIII Governo Constitucional, entre 1997 e 1999, com a tutela das áreas da toxicodependência, desporto, juventude e, mais tarde, comunicação social.
Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território no XIV Governo Constitucional, entre Outubro de 1999 e Abril de 2002.
Regressou em Abril de 2002 à Assembleia da República, onde exerce o seu mandato de Deputado. (sic) Eleito secretário-geral do Partido Socialista em Setembro de 2004.
(citação do porta-aviões)
Anónimo disse…
Os bombeiros são uma autêntica farsa. Ninguém combate rigorosamente nada. As chefias pura e simplesmente não existem. Planos de intervenção são coisas demasiado abstratas para serem entendidas por aquelas sumidades.
Por favor, digam às populações que estão totalmente por sua conta e risco, pois de outro modo, arde rigorosamente tudo. Aliás tem ardido tudo quanto pode arder. Se têm dúvidas não fiquem à espera das notícias tablóides das TV's, desloquem-se aos locais e apreciem. Mas façam o favor de fintar a GNR que corta os acessos. Não existe na maioria das vezes qualquer risco de passagem. A sua função é impedir que o povo veja a veradeira realidade do tal pseudo combate que se faz aos incêndios.
Anónimo disse…
Dada a profusão de comentários,vou limitar-me à «propriedade da terra»:
a)Dou de bom grado meia dezena de pequenos prédios rústicos, entre o Açor e a Estrela - autarquia, agricultura ou finanças. Fruto de heranças de uma população em vias de desaparecer, os nossos antepassados do séc. XX, apenas os irrisórios impostos cobrados
têm impedido a sua oferta/devolução ás finanças.
b)Após os fogos de 2004 (iniciados junto propriedade minha), parte do Açor ficou efectiva e finalmente «limpa». Locais onde já ninguém vai, lá vão retomando a vida vegetal por obra e graça da natureza. Fogos iniciados nos limites da actual ocupação humana, naturalmente.
c)Para concluir: grande parte dos terrenos florestais, estão em vias de voltar a constituir floresta selvagem, como eram há um século, antes da ocupação humana dos nossos avós.
d)Rematando. Há que defender, com medidas de «segurança», os perímetros das povoações ditas rurais. Ali sim, com ordenamento e limpezas. Além do resto.
Quanto à «propriedade», as celuloses nem precisaram de adquirir qq terreno. Limitaram-se a pagar uns valores aos proprietários locais. No meu caso, com uns eucaliptos de que nunca vi a 'renda', recebida por um qq agente local. Á portuguesa.
zeu s disse…
Em casa sem pao todos ralham alguns com razao.
Zeu s cumpriu o seu dever civico duas noites atras integrando o punhado de cidadaos anonimos que apagaram os fogos na quinta do pontao, quinta da maia, ladeira de montessao, antonio jardim.
Bem dentro da cidade, encravada entre urbanizaçoes, é facil encontrar esta pequena mancha de silvas e eucaliptos, prontinha a arder, qual tocha, ja que o proprietario, a protecçao civil, a camara municipal, a junta de freguesia, ou demais irresponsaveis, apesar de insistentemente contactados, insistem em sacudir as obrigaçoes do capote.
Provavelmente ocupados com outras ocorrencias, nao tivemos nessa noite o vislumbre de qualquer farda ou meio de combate oficial (pelo menos entre as 01h00 e as 09h00), valeram os populares.
Hoje as 05h00, novo reacendimento, contactei os bombeiros (117) que sim, que tinham enviado meios, mas dos lentos, daqueles que por volta das 06h30, quando apagamos o foco de incendio, ainda nao tinham chegado.
A hora em que escrevo, 17h50, acabam de sair do mesmo local os componentes de uma equipa de quatro bombeiros que finalmente parecem ter debelado nova erupçao, antes atacada pelos populares.
O meu sentido obrigado a todos os que ajudaram neste esforço.
O meu mais gutural escarro para todas as entidades publicas e privadas que nada fizeram para evitar tragedias maiores, façam um ultimo favor: nao ponham sequer as barbas de molho, nos precisamos da agua.
Gabriel Oliveira disse…
Os bombeiros não são culpados de nada, creio. Mas são mal preparados, e arcam com uma responsabilidade que não lhes cabe. Falo dos Bombeiros Voluntários, claro. Se eu fosse empregador, não empregava nenhum bombeiro. Os trabalhadores devem trabalhar, e não saír às 11 da manha a correr, para apagar fogos, e voltar 1 semana depois. Quem está a sofrer as consequências é a empresa, e não é essa quem tem que garantir que os fogos se apagam.
Ou seja, e quanto a mim: quem quer bombeiros, que os pague. Nós temos dinheiro para tanta porcaria, e não temos para comprar Canadairs, ou para por a funcionar os poucos que temos, ou para profissionalizar corpos militares no combate às chamas (é mais importante que andem a brincar às guerras com inimigos imaginários).
A questão da limpeza é outra falsa questão. No concelho de Pombal, quase toda a mata estava limpa. A freguesia de Carnide (Pombal) ardeu toda, e os pinhais tinha sido limpos por particulares, junta e C.M.P. dois meses antes. Além disso, é fácil exigir aos particulares, mas caso não saibam, os tais "rendimentos da floresta" são mentira. Um pinheiro dá o rendimento de 60 contos de 40 em 40 anos (ena, vou ficar milionário com 100 pinheiros, se eles não arderem... acho que vou largar o emprego!), um pinhal com 200 m2 (pequenino, portanto) dá 150 m3 de mato por ano. Para colocar onde? Fazer o quê com ele? Podiamos aproveitar para produzir energia numa central termo-eléctrica, mas onde é que ela está?
Anónimo disse…
embora fuja um pouco ao tema já repararam que o mediatismo da informação parece que tem agravado a proliferação de incendios???
Que interessa ao publico em geral os distritos de maior risco de incendio???? não deveria ser uma informação até confidencial????
Isto está é tudo louco.
Anónimo disse…
O Victor Baptista está preocupado com os quintais que existem em Coimbra. (ver "As Beiras" de hoje)
Anónimo disse…
Como se vê, a problemática dos incêndios é assunto demasiado complexo, ou pacífico, para ser dirimido por uma única cabeça. Quanto mais se discutir melhor. Mas atenção, há que agir e depressa. Agora reflictam no seguinte: muita gente que habita cidades, vilas e aldeias deste país tinha a ideia de que o perigo dos incêndios estava nas serranias circundantes. Erro crasso. Equeceram-se de olhar para o sítio onde vivem, para o crescimento desordenado dos útimos anos que pulverizou a ocupação humana por arrabaldes florestais e agricolas. O resultado, triste resultado,está á vista. Além disso, nas aldeias rurais, aqui e ali, ainda subsiste algum espírito de entre-ajuda e de saber no combate aos incêndios. Nas vilas e cidades todos julgam que alguém há-de resolver o problema pois se existem bombeiros... Só que essa ideia é completamente falsa, para além de que muito pouco gente tem verdadeikra consciência do real perigo que as zonas rurais encerram. É muito giro viver no meio de um pinhal, ou com vista para a ruralidade. O pior são as consequências. Mas, mesmo assim, tenho plena consciência de que ninguém vai aprender nada. Somos assim e pronto.
Anónimo disse…
O dr Carlos Encarnação e o pseudo presidente Jaime Soares deviam ser presos por incuria,laxismo.e negligencia nestes incendios pois foram eles os culpados.

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