A justíssima homenagem a Salgueiro Maia torna-nos cientes de que um herói não é, exactamente, aquela imagem, ou aquele ser, que incorpora o mito do "Super-Homem", planando sobre os arranha-céus de NY. O Herói não necessita de ser atlético, ter olhos verdes, ser bem-falante, charmoso, brilhante, etc. Em suma, um quase Deus. Essa helénica configuração mitológica, morreu. Heroísmo não é uma metamorfose. Hoje, os poderes (político, religioso,...) acima dos Heróis, preferem os Mártires. Salgueiro Maia remete-nos para os "novos" Heróis. Os Heróis dos nossos dias, do nosso tempo. Aqueles dos gestos imperceptíveis, da coerência quotidiana, da linear honradez, da imensa dignidade, do quase anonimato...E, também, por vezes, objecto de intoleráveis e escandalosas marginalizações de uma sociedade que, em última análise, os renega. Escreveu Kierkegaard: "Um Herói não se declara"... Mas, nos dias de hoje, não tenho dúvidas, nem constrangimentos, ao declarar: - Salgueiro