O(s) Bando(s) dos Quatro
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Esta quadrilha era liderada por Jiang Qing (terceira mulher do líder chinês), a que se juntou Yao Wenyua (responsável pela propaganda oficial), e Zhang Chunqiao, acompanhado por Wang Hongwen (dois homens fortes do PC Chinês de Xangai).
Com o apoio tácito de Mao, doente e diminuído na sua capacidade de liderança, este grupo comandou a ofensiva contra a ala mais moderada do regime, liderada pelo primeiro-ministro, Chu En-Lai, que apesar das ferozes lutas de poder e da perseguição a todos os que se afastassem dos ideais mais estritos do comunismo, mantinha grande influência sobre o aparelho de Estado Chinês.
O Bando dos Quatro apossou-se da direcção ideológica do PC Chinês mas nunca conseguiram pôr em causa a autoridade de Chu En-Lai sobre a governação, apesar das purgas sucessivas. Só a sua morte, verificada pouco tempo depois da de Mao, lhes deixou o caminho aberto para tentarem dominar, conjuntamente, o Partido e o Estado. Seguiu-se uma poderosa e sangrenta luta pelo poder que acabaria por conduzir Deng Xiaoping – um dos lideres da ala moderada - à liderança da China pós-Mao.
A consequência imediata deste facto foi a destituição do Bando dos Quatro e a prisão e julgamento dos seus elementos.
Feita esta introdução histórica, regressemos aos tempos actuais.
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Major acusa, ainda Blair, de irresponsabilidade e desonestidade quando afirma: "Na primeira guerra do Golfo quando eu dizia algo, estava totalmente seguro do que dizia, e dizia menos do que sabia. Supunha que [para Blair] era a mesma coisa e, nessa base, apoiei com reticências a guerra no Iraque”….
O antigo chefe do Governo conservador explicou que apoiou a invasão de 2003 por ter acreditado na versão dada por Tony Blair de que existiam no país armas de destruição maciça.
Aliás, a verdade é que actualmente Blair, num assomo de tardiamente tentar redimir, admite que sempre defendeu a mudança do regime iraquiano pela força e não escondeu essa vontade junto dos Estados Unidos. Nesse sentido, onze meses antes da invasão, Blair garantira antecipadamente a Bush - num encontro no seu rancho do Texas - a participação das tropas britânicas na operação militar, caso o CS da ONU não aprovasse a invasão, como se veio a verificar.
John Major admitiu numa entrevista à BBC estar actualmente convencido que o principal motivo para a invasão foi a mudança de regime, objectivo que considera "inadequado" para uma guerra…
Mais, Menzies Campbell, que liderava a bancada liberal-democrata na altura, disse que Blair nunca teria obtido apoio do parlamento para a guerra se tivesse explicado a situação como o fez agora.
As actuais e incríveis “confissões” de Blair não o libertam de ter de responder perante a comissão presidida por John Chilcot que pretende apurar a “legalidade do conflito” que contornou a indispensável decisão da ONU e, ainda, por “subtracção de informação relevante aos deputados britânicos”.
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Na realidade, esta guerra não foi puramente uma questão política.
As famílias dos soldados mortos em combate e os veteranos de guerra estão na linha da frente dos grupos e associações cívicas que exigem a responsabilização de Blair e, concomitantemente, do actual primeiro-ministro, Gordon Brown, pela invasão militar do Iraque em 2003. Assim, a guerra do Iraque para a política britânica deixou de ser uma questão estratégica para se tornar um problema de honestidade e dignidade dos políticos que a fomentaram.
Blair e Brawn vão – para além do inquérito da Comissão Chilcot – ser julgados nas urnas. Blair, devido a este “caso” foi afastado de uma eventual candidatura a Presidente da UE (cargo previsto no Tratado de Lisboa e para o qual era um “candidato natural”).
Contudo, continua a ser o enviado especial do Quarteto internacional para o Médio Oriente. Terá idoneidade política para continuar neste cargo?
A mesma interrogação deveria ser levantada acerca de Durão Barroso – actualmente em funções como presidente da Comissão Europeia – e o último sobrevivente da quadrilha que decidiu a ignominiosa intervenção no Iraque e "deu" a cara ao Mundo, na base das Lajes (Açores).
De resto, Aznar um recalcitrante defensor das políticas neo-conservadoras da época Bush foi “punido” nas eleições espanholas e, agora, deambula pelo Mundo, vendendo conferências para plateias conservadoras.
E G. W. Bush conseguiu terminar o mandato presidencial sem dignidade, nem a glória, a que tanto aspirava. Pior, com a sua política bélica e securitária, desenvolvida depois do massacre de 11 de Setembro, baseada em sistemáticas violações dos Direitos Humanos, conseguiu deixar ao seu sucessor um Mundo armadilhado politicamente e cada vez mais inseguro. Ficará na História pelos piores motivos.
Ao contrário, do bando chinês nenhum membro deste “quarteto” foi preso ou condenado. Só, agora, Blair, será obrigado – no seu País – a depor sobre os actos praticados durante a sua governação.
A similitude entre os dois bandos não é directa.
O bando chinês actuou dentro do contexto da luta pelo poder no interior PC Chinês.
O bando “euro-americano”, sediado em Países democráticos, teve necessidade de fabricar um complot para fazer uma guerra de interesses, ao arrepio do direito internacional, e para servir objectivos obscuros, dos quais o petróleo não pode ser arredado.
A coincidência é numérica. Ambos foram dois bandos de quatro membros.
Mas para além desta coincidência aritmética existe um facto insofismável, vergonhoso e doloroso: ambos os bandos mancharam as mãos com sangue...
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