Momento de poesia
Os Outonos começam assim
Os Outonos começam assim
quando a boca já não articula
as palavras certas
e os muros começam a ruir
à nossa volta, um a um.
E são as pedras desfeitas,
que as mãos agarram
num tempo de poeira,
a cegar o olhar
que retalho a memória
em pedaços.
Procuro equilíbrios impossíveis
na geometria do arco
incerto que me cerca,
escrevo palavras ocas, sem sentido,
no ângulo raso, desenhado
no osso do crepúsculo
e, de ti, apenas vejo linhas,
curvas e rectas, alguns difusos círculos,
sem corpo, sem alma, sem rosto…
Só deserto…
Alexandre de Castro
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