Há 65 anos. Não esquecer o Holocausto

fernanda câncio

in jugular

fizeram-se esvaziar os camiões, e depois nagel deu ordens para que fossem escolhidos os judeus que iam cavar, os outros ficariam à espera. um hauptscharführer fez a selecção, foram distribuidas as pás; nagel formou uma escolta e o grupo internou-se no bosque. os camiões tinham voltado a partir. olhei para os judeus: os mais próximos de mim pareciam pálidos, mas calmos. nagel aproximou-se e apostrofou-me vivamente, designando os judeus: 'é necessário, está a entender? em tudo isto, o sofrimento humano não deve ser tido em conta seja como for.' -- 'sim, mas apesar de tudo conta para alguma coisa'. o que eu não conseguia compreender era isto: o abismo, a inadequação absoluta entre a facilidade com que se pode matar e a grande dificuldade que deve haver em morrer. para nós, era mais um maldito dia de trabalho; para eles, era o fim de tudo.

(as benevolentes, jonathan littell, dom quixote, pág 84)

Comentários

Anónimo disse…
Leia... A industria do holocausto de Norman Finkelstein

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