Esquerda, direita, co-incineração e Acordo Ortográfico
Que há esquerda e direita não há dúvida. Na política e nos costumes. E quem diz que não é uma coisa nem outra é de direita certamente. Na economia nota-se mais. Entre os que gostariam de privatizar tudo, CGD incluída, e os que apenas deixariam a agulha da costureira para a iniciativa privada, há graus que definem opções individuais e que são sintetizadas nos programas partidários.
Penso que a moderação é útil e que as oscilações devem acontecer de acordo com as necessidades históricas e a vontade dos povos, dentro de limites razoáveis.
Já me custa compreender que as posições políticas possam influenciar as regras de higiene ou a prevenção das doenças, por exemplo.
Até hoje não compreendi o horror à co-incineração manifestado pela direita e, diga-se de passagem, pelos deputados do PS de Coimbra, quando foi decidida em Souselas. Para mim é um problema técnico de cuja bondade me convenceram os membros da Comissão Independente. A luta partidária à volta deste tema já teve prejuízos graves quer económicos quer de saúde pública, com os lixos a amontoarem-se por todo o lado.
Outro assunto que me intriga é o Acordo Ortográfico, onde o histerismo de Vasco Graça Moura, um escritor culto e interessante, o deixa à beira da necessidade de internamento.
Já houve vários acordos ortográficos e não me parece que daí viesse mal à língua que nos cabe preservar sem prevaricações ortográficas ou derrapagens na sintaxe. Sem os sucessivos acordos acabarímos por ter várias línguas e ver transformado o português num dialecto do brasileiro.
Claro que não me habituarei facilmente a escrever de forma correcta, segundo o Acordo Ortográfico. Primeiro preciso de o estudar. Recordo que levei meses a perder o hábito de colocar o acento grave nos advérbios de modo que o perderam.
Mas isto é ser de esquerda ou de direita? É ser progressista aceitar o Acordo e reaccionário recusá-lo? Creio que o horror à novidade é uma velha característica dos portugueses. Este horror irracional é misoneísmo.
De qualquer modo não gostaria de ser obrigado a escrever assim:
Penso que a moderação é útil e que as oscilações devem acontecer de acordo com as necessidades históricas e a vontade dos povos, dentro de limites razoáveis.
Já me custa compreender que as posições políticas possam influenciar as regras de higiene ou a prevenção das doenças, por exemplo.
Até hoje não compreendi o horror à co-incineração manifestado pela direita e, diga-se de passagem, pelos deputados do PS de Coimbra, quando foi decidida em Souselas. Para mim é um problema técnico de cuja bondade me convenceram os membros da Comissão Independente. A luta partidária à volta deste tema já teve prejuízos graves quer económicos quer de saúde pública, com os lixos a amontoarem-se por todo o lado.
Outro assunto que me intriga é o Acordo Ortográfico, onde o histerismo de Vasco Graça Moura, um escritor culto e interessante, o deixa à beira da necessidade de internamento.
Já houve vários acordos ortográficos e não me parece que daí viesse mal à língua que nos cabe preservar sem prevaricações ortográficas ou derrapagens na sintaxe. Sem os sucessivos acordos acabarímos por ter várias línguas e ver transformado o português num dialecto do brasileiro.
Claro que não me habituarei facilmente a escrever de forma correcta, segundo o Acordo Ortográfico. Primeiro preciso de o estudar. Recordo que levei meses a perder o hábito de colocar o acento grave nos advérbios de modo que o perderam.
Mas isto é ser de esquerda ou de direita? É ser progressista aceitar o Acordo e reaccionário recusá-lo? Creio que o horror à novidade é uma velha característica dos portugueses. Este horror irracional é misoneísmo.
De qualquer modo não gostaria de ser obrigado a escrever assim:
Comentários
Que a recusa da co-incineração é política badalhoca não tenho dúvidas...
Já deveríamos estar a discutir o nuclear, mas enfim...
Concordo que a discussão da co-incineração é pedra de arremesso político, pois a tecnologia do nuclear é que devia estar no cimo da mesa da discussão.
Políticos à conde de Abranhos, são o que temos na nossa tasca.