OGE – considerações marginais sobre um anunciado acordo …
Não conhecemos, ainda, o texto final (nem os termos) do acordo entre o PS e o CDS, construído sob a vigilância - de proximidade - do PSD, para o próximo OGE.
Logo, todas as análises, pecam por défice de informação.
Conhecemos, no entanto, a justificação política para este “acordo”. Isto é, a necessidade de enfrentar, com alguma solidez, os tempos difíceis que se avizinham…
O PS - era visível - não desejava arcar sozinho com o ónus de tomar medidas drásticas e impopulares. O “apelo presidencial” às negociações foi, mais do que uma estratégia política para o País, uma jactância de quem gosta de se intrometer na esfera governamental e da AR.
O PS, conhecidos os resultados eleitorais, desde o primeiro dia, que precisava de concertar e obter a “tolerância” da Oposição. Tal facto não era viável à Esquerda. Restava-lhe “negociar” com a Direita, nomeadamente, com o CDS que, desde a primeira hora, se pôs em bicos de pé e disponibilizou-se para integrar o chamado “arco do poder”.
Quem seguiu de perto a campanha eleitoral para as Legislativas pode constatar as divergências de posições entre os diferentes partidos para enfrentar a crise.
Entre o PS e a Direita a grande divergência podia-se resumir a um conceito: o incremento do investimento público. A Esquerda cedo se afastou das negociações já que a sua tónica se centrou nas medidas sociais, nomeadamente, no combate ao desemprego.
Vamos esperar para ver onde, e de que modo, o novo OGE contempla e “resolve” estas divergências.
Este acordo vai merecer as parangonas da comunicação social. O CDS vai colher a maior fatia deste bolo. O PSD ficará na antecâmara, atento, reverente e obrigado. Vive um momento de incerteza política e vagueia pelos corredores do poder sem rei nem roque. Pior, um dos assumidos candidatos à liderança – Pedro Passos Coelho - manifestou-se, abertamente, contra este tipo de viabilização do OGE. Portanto, a obtenção do acordo é uma vitória de Piro que, não traz uma estabilidade duradoura para o País. Se, daqui a alguns meses, o PSD encontrar um novo líder e, este, estiver em desacordo com as medidas orçamentais, recomeça um novo ciclo de instabilidade, mau grado a sustentação que o CDS, neste momento, parece oferecer.
Entretanto é necessário por os pés no chão. A anunciada abstenção do PSD fragiliza o acordo, tornando-o coxo. O PS – nomeadamente Mário Soares - conhece a fidelidade de Portas em relação a apoios pontuais, mantendo-se fora do Governo. O percurso do CDS durante os governos de Durão Barroso e Santana Lopes é vivido em circunstâncias diferentes. Era a Direita aliada. Agora é a Direita que quer influenciar, de fora, a agenda política e económica. E o busílis é exactamente esse – estar de fora.
De resto, ainda é cedo para opinar. Voltaremos a esta questão oportunamente.
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