A indústria dos milagres e Pio XII
O Papa não é obrigado a ser crente, mas tem o dever de preservar a fé e de a promover. Não admira, pois, que, apesar do descrédito dos milagres e da santidade, ainda insista no negócio das beatificações e canonizações para contentar os crentes e competir com a concorrência.
Que um torcionário tivesse sido beatificado entre centenas de bem-aventurados cuja santidade se manifestou sobretudo no ódio à República espanhola, é um detalhe que não embaraça um papa que trocou os milagres avulsos pela produção industrial.
Bento XVI foi o ideólogo de João Paulo II, supersticioso, muito provavelmente crente, que canonizou monsenhor Escrivà de Balaguer, admirador de Hitler e indefectível de Franco, depois de lhe ter adjudicado três milagres, um acto de gratidão pela solução encontrada em vida para o escândalo do Banco Ambrosiano.
As canonizações são pias condecorações póstumas, de que a teocracia do Vaticano tem o alvará, iguais às veneras que nos países laicos fazem comendadores e cavaleiros, para gáudio dos agraciados, pagamento de favores ou distinção de méritos públicos.
Não se percebe, à primeira vista, a batalha que o actual pontífice trava para elevar aos altares o Papa de Hitler, Pio XII, quando o Vaticano é uma criação de Benito Mussolini e este foi considerado, pelo infalível Papa de serviço, como enviado da Providência.
O nazismo, sendo um fenómeno de natureza secular, contou com a solícita colaboração de padres católicos e de pastores protestantes que forneceram as certidões de baptismo, permitindo, por exclusão, mais facilmente diagnosticar os judeus. E quem se admira do ódio aos «pérfidos judeus» que nasceu com um dissidente, Paulo de Tarso, e alimentou o cristianismo até ao concílio Vaticano II? O anti-semitismo é a tara dos monoteísmos prosélitos que provieram do judaísmo.
A insistência de Bento XVI na canonização de Pio XII, além da simpatia ideológica pelo antecessor, é uma tentativa de branquear o passado anti-semita da sua Igreja, como se não tivesse havido Cruzadas, a Inquisição não tivesse perseguido judeus, os papas não os tivessem odiado e não os execrasse o Novo Testamento.
Os quatro Evangelhos (Marcos, Lucas, Mateus e João) e os Actos dos Apóstolos têm, segundo Daniel Jonah Goldhagen (in A Igreja católica e o Holocausto) cerca de 450 versículos explicitamente anti-semitas, uma média de «mais de dois por cada página da edição oficial católica da Bíblia».
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Aí a lógica: mais santos nos altares, e mais velas a vender! Mais terços a fabricar! Mais peregrinações a promover!
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Não se fia: religião só a dinheiro.
Gostei muito da sua crónica.
A ICAR está, há largos anos, em crise.
Como sucedeu, sistematicamente, no passado em épocas de crise, conflitos, epidemias, bem como de tensões sociais, a tendência para arranjar bodes expiatórios... é tentadora.
Daí, ser questionável se, os "falcões" do Vaticano (Bento XVI será um chefe de fila desse "grupo"), não "desejam" um novo (a história mostra-nos que são ciclicos) conflito judaico-cristão...como "manobra de diversão", para iludir a crise interna da ICAR.
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A ICAR é, primeiro, uma MAFIA religiosa, pronto a todo o tipo de manobra para manter a sua ditadura, de onde advém o sustento para todo o seu parasitismo privado.
Religião prospera com o dinheiro das vítimas.
Acredito que Goebbels era de origem judaica... basta ver o tipo físico dele...
Alfred Rosenberg e Adolf Eichmann era claramente de origem judaica..... os sobrenomes deles os denunciam.....