Horrores da Guerra civil de Espanha
Entre 1936 e 1939 a ferocidade atingiu proporções incríveis na guerra civil espanhola. A demência e o ódio misturaram-se numa orgia de sangue e crueldade.
Não houve santos em qualquer dos lados da barricada, apesar da onda de canonizações que os dois últimos pontificados promoveram, numa insensata decisão que acirrou ódios antigos e trouxe à memória a cumplicidade da Igreja católica, que nem os seus padres poupou, quando se tratava de assassinar adversários.
Foi horrenda a guerra civil, mais do que soía acontecer na Europa, mais bárbara do que muitas na antiguidade, mais condenável porque os vencedores persistiram na tortura e nos assassinatos vários anos depois do fim da guerra.
Hitler, Mussolini e Salazar foram cúmplices dos crimes de Franco. Hitler mandou os seus aviões experimentar o novo armamento em Guernica e Salazar permitiu o envio de mantimentos, o envolvimento dos Viriatos, o empenhamento do Rádio Clube Português e, depois da guerra, a entrega pela GNR dos fugitivos, destinados ao fuzilamento.
A Junta da Andaluzia apresentou esta terça-feira o mapa oficial das valas comuns, onde jazem os cadáveres atirados pelo ódio fanático da vingança. Há outras valas por achar e mais cadáveres sem enterro condigno, mas é já uma denúncia relevante do que fez um Estado pária, do que foi capaz um general demente e das ajudas pias que se conluiaram.
Sevilha, com 130, é a província com mais valas detectadas, à frente de Huelva (120), Cádiz (100), Granada (86), Málaga (76), Córdova (69), Jaén (24) e Almeria (9). Da maior fossa andaluza, a de S. Rafael, em Málaga, escavada este ano, foram exumados restos de 2840 pessoas, um acto de reparação póstuma que contou com a colaboração preciosa das associações de memória histórica e das universidades.
Perante as atrocidades cometidas por um dos regimes mais sangrentos do século XX e um dos maiores criminosos do século passado – Francisco Franco – , como é possível que o Supremo Tribunal de Espanha, em vez de colaborar na descoberta dos crimes, se permita julgar o Juiz Baltasar Garzón por abrir a investigação aos crimes franquistas?
A ICAR foi o sustentáculo do regime, com a cumplicidade constante e empenhada, até à derradeira missa e extrema-unção do facínora Francisco Franco.
Ponte Europa / Sorumbático
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