Não queremos que o tempo volte para trás…


Pão sem liberdade ou liberdade sem pão não fazem a democracia. A justiça social, a paz e o pluralismo político são indispensáveis ao Estado de Direito.

Portugal soube o que era a fome, a fome violenta dos meninos descalços que a iludiam com o rebusco das castanhas e maçãs, os lagartos caçados e assados, o pedaço de pão guardado da penúltima cozedura do forno comunitário, os ovos dos ninhos e as azedas e azedões colhidos das paredes, a caminho da escola.

Da herança salazarista, enquanto se esquece a tragédia, exumam-se documentos do que era a censura, pura e dura, onde a violência do lápis azul rivalizava com a miséria a que o ditador sujeitava o país.

Para que não se esqueça, aí fica mais um documento que, se não mata como as celas do Tarrafal ou as balas da Pide, matam pelo ridículo os que matavam o seu povo.

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