O problema é deles…

Quem disse isso foi a ex-mulher de um antigo estudante baleado pela polícia de choque, tendo perdido um rim; a mulher que me agradou por ter substituído um oportunista que negociara à sorrelfa a presidência de um órgão da soberania com quem ainda se julgava a receber subsídios do Relvas para uma empresa de formação para aeroportos da região centro; a jovem bonita e amável que, de minissaia, integrou o Tribunal Constitucional; enfim, alguém em que eu admitia poder votar para a presidência da República.

O problema é deles, disse com a categoria com que as varinas anunciam o peixe, com a sensibilidade com que Cavaco perscrutou o sorriso das vacas, perante a frescura da erva, com o desprezo com que um troglodita implacável exclamou, aludindo ao aumento dos sacrifícios dos portugueses: ai aguentam, aguentam!...

Há nos homens, cujo problema é deles, mais massa óssea na coluna vertebral do que em todos os que os ofendem, mais sabedoria e experiência de vida do que nos oportunistas que os desprezam, mais coragem e amor à Pátria do que os que julgavam ser sua a pátria alheia e não lhes perdoam a liberdade de que não sentiam falta.

Há nesta gente, que os nossos erros e incúria guindaram ao poder, a arrogância de quem se julga ungido, a prepotência de quem se envergonha das origens e se afirma nos locais que ocupa pela humilhação de quem lhos permitiu.

Muitos estão no cargo como Pilatos no Credo romano, e atingiram o princípio de Peter, outros chegaram pelas vicissitudes que fizeram Calígula imperador, e só se afirmam no poder quando fizerem do seu cavalo cônsul e sacerdote.

Desejo-lhes melhor fim do que ao imperador romano.  Mas depressa. Estamos fartos.

Comentários

e-pá! disse…
CE:

Assunção Esteves atribuiu ontem o ‘problema’ à comunicação social. Tratar-se-á, provavelmente, de mais um ‘inconseguimento’ gerado à volta de uma inusitada ‘deturpação bíblica’ onde os ‘fiéis’ são expulsos do templo pelos ‘vendilhões’.
Cabe aqui recordar uma citação desta indefectível 'apóstola do formalismo regulamentar' e que se incomoda com intromissões na AR ao ponto de ter afirmado: “…não podemos deixar que os nossos carrascos nos transmitam maus costumes”.
De facto, o imbróglio das comemorações dos 40 anos do 25 de Abril, não sendo ‘só’ uma questão de costumes também, nessa perspectiva, cairia – se acaso não tivesse existido o 25 de Abril – na alçada da anedótica ‘polícia dos costumes’.
É que a dita senhora está a tentar, à sorrelfa, ‘por a mão na coisa’ (entenda-se no 25 de Abril).

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