Antes das 11 horas da manhã, uma numerosa comitiva de polícias, militares da GNR, e alguns outros do Exército, tomaram posições em frente à Igreja de Santa Cruz. Bem ataviados esperavam a hora de deixarem a posição de pé e mergulharem de joelhos no interior do templo do mosteiro beneditino cuja reconstrução e redecoração por D. Manuel lhe deu uma incomparável beleza. Não era a beleza arquitetónica que os movia, era a organização preparada de um golpe de fé definido pelo calendário litúrgico da Igreja católica e decidido pelas hierarquias policiais e castrenses. Não foi uma homenagem a Marte que já foi o deus da guerra, foi um ato pio ao deus católico que também aprecia a exibição de uniformes e a devoção policial. No salazarismo, durante a guerra colonial, quando as pátrias dos outros eram também nossas, não havia batalhão que não levasse padre. Podia lá morrer-se sem um último sacramento!? Éramos o país onde os alimentos podiam chegar estragados, mas a alma teria de seguir lim...
Comentários
Sou católico praticante (tenho esse direito ou não???), e sempre que pretendo saber informações institucionais sobre a igreja, este é o melhor blog para as obter!
Muito obrigado, continue com o seu magnifico trabalho!!!
Para alé da "gralha" reeeleito (seria melhor) "re e eleito", o mesmo prelado, no último comunicado da CEP, já alertava contra a laicidade militante do Estado. A continuidade germina nos claustros.
Agora, a prioridade passou para a regulamentação da Concordata.
Ninguèm pode acusar a ICAR da falta de uma fio condutor.
Penso que, na revisão da última Concordata (1940), a ICAR conseguiu salvar, muitos dos privilégios confessionais (resquícios) que havia na anterior, nomeadamente a falta de equidade em relação às outras religiões que praticam no território nacional.
Nomeadamente, as suas posições sobre:
- o divórcio
- a educação religiosa nas escolas públicas;
- o "estatuto de excepção" que a Universidade Católica goza;
- ao regime que rege a conservação, manutenção e restauro dos monumentos nacionais e imóveis classificados, cuja afectação de propriedade e uso pertence à Igreja, mas recaíndo sobre o Estado : a conservação, a reparação e o restauro.
- etc.
Mais do que regulamentar a Concordata, como sugere D. Jorge Ortiga, melhor seria para a República, rever a Lei da Liberdade Religiosa.
O comportamento "semi-público"[*] da ICAR durante o último referendo sobre a IVG, deveria ter obrigado o Estado a promover a actualização da Lei da Liberdade Religiosa.
[*] - "semi-público", porque o Sr. Cardeal Patriarca, mesmo perante as inusitadas excomunhões, vindas de todo o lado, soube manter uma postura digna.
Ora, que tem ele a ver com o divórcio civil? O casamento católico é indissolúvel, e o Estado não intervém nisso; mesmo quem se divorcia na jurisdição civil continua casado perante a Igreja. Que quer ele mais? Deveria excomungar os católicos que se divorciam, mas isso guarda-se ele bem de fazer, senão a Igreja ficava praticamente vazia!