A política, a economia, a ecologia e o futuro
Enquanto, em nome de uma certa visão de desenvolvimento, se delapidam recursos que encurtam a sobrevivência do Planeta, há quem persista no caminho do abismo e impeça a procura de novas soluções.
Não há neste assunto, como em nenhum outro, unanimidade de opiniões, mas há já um largo consenso sobre o que não pode ser feito. Desde a bomba demográfica, que ameaça deflagrar antes de qualquer medida séria para a contrariar, até à obstinação em exaurir os combustíveis fósseis e ao envenenamento dos recursos hídricos, tudo aconteceu no espaço de duas gerações.
As soluções, se as há, serão políticas e percebe-se mal a falta de um amplo movimento que as procure, seja através de um partido político ou de um movimento autónomo de opinião pública.
O PEV tem refletido sobre alguns destes problemas mas a sua captura pelo PCP retira-lhe autonomia e atrai preconceitos. À direita houve, da parte do Eng.º Carlos Pimenta, o que parecia um genuíno entusiasmo pela ecologia mas, tal como muitos dos dirigentes de associações ambientais, desapareceu na voragem de alguma empresa de consultores ou no desalento de quem parte a tratar da vidinha.
Enquanto milhares de desempregados políticos procuram fundar novos partidos à espera de lugar em algum que nasça dos escombros dos atuais, não diviso autêntico interesse, na sociedade portuguesa, na criação de algum que percorra transversalmente todos os partidos e que tenha vocação de poder.
Um Governo com ecologistas no seu seio não seria tão permeável às pressões com que os sucessivos governos destruíram os solos de melhor aptidão agrícola, a orla marítima e as paisagens naturais. Os ecologistas não podem pautar-se por alianças pré-eleitorais, devem ser vigilantes e exigentes todos os dias e aguardarem a oportunidade para exigir acordos governamentais que defendam um desenvolvimento sustentável.
Bem sei que as provações do momento são pouco compatíveis com estas preocupações e que as ambições individuais estão mais viradas para a conquista do poder e a partilha das suas prebendas.
No entanto, é uma exigência ética urgente e um objetivo republicano procurar soluções ecológicas para o nosso futuro coletivo.
Ponte Europa / Sorumbático
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