Passos Coelho, Nero, Homero e Ulisses

“Um homem, à força de lhe dizerem que é tolo, acredita e, à força de repeti-lo a si mesmo, faz com que o seja”. Creio que foi Pascal quem escreveu a frase que, por obra do acaso, não esqueci e, por felicidade, me ajuda a compreender o primeiro-ministro.

Não funciona substituindo «tolo» por «sobredotado» mas, quando PPC foi candidato a líder do PSD, eram muitos a louvar-lhe as banalidades. Depois, o prestígio do cargo de PM teve o condão de fazer as tolices parecerem desígnios de um génio. Não demorou a queda do figurante, desolando o séquito dos habituais sebastianistas que julgavam ter encontrado num inepto um predestinado.

Cedo se revelaram bagatelas as frases do incompetente governante e erros grosseiros as decisões do bando que atuava ao som do refrão «custe o que custar».

Passos Coelho a insistir no «custe o que custar» lembra o imperador Nero a fazer versos e a recitá-los perante a aclamação dos convidados para os lautos banquetes romanos. Só não teve a sorte de Nero, a quem um cônsul, após os aplausos, lhe disse que eram maus os versos e que esperava melhor. Quando o pânico se espalhou, com o silêncio de Nero, o atrevido cônsul afirmou ainda que tais versos seriam ótimos para Homero ou Virgílio, não para ele, Nero, a quem os deuses privilegiaram para não ter rival.

Haja quem diga a Passos Coelho que a sua governação seria excelente para Pimenta de Castro ou João Franco, não para ele, porque, segundo julgo, Nero renunciou à poesia.

Ponte Europa / Sorumbático



Comentários

e-pá! disse…
"... Nero renunciou à poesia."
Falta acrescentar ... e por fim suicidou-se.
O que foi um alívio para os romanos!
e-pá:

Aqui fica a sugestão.

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