A crise e os partidos
A crise interna do PSD não é apenas um problema para o partido, é uma desgraça para o país. Incapaz de decidir entre a matriz social-democrata, fiel ao legado de Sá Carneiro, e a tentação liberal, torna-se conservador nos costumes, errático na política e indeciso nas opções económicas, refém de caciques e de rivalidades tribais.
A continuar assim, o PSD deixa de ser imprescindível e corre o risco de ser prejudicial. Os líderes continuarão a ser consumidos na voragem da intriga e a ideologia substituída pelos assassínios de carácter dentro e fora do partido. Figuras como Fernando Nogueira, Marques Mendes e Leonor Beleza abandonaram o partido à tralha cavaquista e a figuras menores.
É difícil perceber o que tem separado o PSD do PS em matérias económicas, o que se propõe fazer melhor e onde, mas é fácil assistir à instrumentalização dos escândalos, reais ou inventados, para denegrir os adversários e deixar espaço à politização da Justiça através dos pouco recomendáveis líderes sindicais dos magistrados.
Desde o processo Casa Pia, passando pelo Freeport e Face Oculta, o PSD não esbanjou uma única ocasião para derrubar o PS através da suspeição dos seus dirigentes e, em especial, dos ataques ao primeiro-ministro. Chegou ao cúmulo de ter como único projecto de Governo o combate à «asfixia democrática», com a ajuda de avençados de Belém – um escândalo que exigia uma acção de despejo e desinfecção do palácio.
Enquanto o PSD, relevante na definição do regime português, se vai desgastando, surge Paulo Portas com ar de Estado a fingir que é tutor da democracia, quando deve ao PSD a chegada ao Governo e o branqueamento do passado na cena internacional, donde tinha sido afastado da família conservadora e remetido para a extrema-direita.
É doloroso ouvir Paulo Portas, sem contraditório, referir os partidos com vocação de poder, o que, traduzindo o seu pensamento, significa afastar o PCP e o BE da esfera das negociações governamentais, quando a higiene recomendaria ao PS alguma distância de Portas e dos que expulsaram da sede a foto do fundador do partido. Em democracia, não há partidos bons ou maus, como pretende Portas, no seu maniqueísmo de raiz totalitária. Há partidos maiores e menores, conforme o número de deputados.
Foi pena que o PCP e o BE, em luta pela hegemonia da esquerda à esquerda do PS, não tenham negociado o apoio ao Orçamento, libertando Sócrates das amarras do CDS. Ao excluírem-se, com ou sem culpa do Governo, podem ter contribuído para enfraquecer o PS mas colaboraram na recuperação da imagem do PR e na aceleração do regresso da direita ao poder.
E não sabemos que direita.
A continuar assim, o PSD deixa de ser imprescindível e corre o risco de ser prejudicial. Os líderes continuarão a ser consumidos na voragem da intriga e a ideologia substituída pelos assassínios de carácter dentro e fora do partido. Figuras como Fernando Nogueira, Marques Mendes e Leonor Beleza abandonaram o partido à tralha cavaquista e a figuras menores.
É difícil perceber o que tem separado o PSD do PS em matérias económicas, o que se propõe fazer melhor e onde, mas é fácil assistir à instrumentalização dos escândalos, reais ou inventados, para denegrir os adversários e deixar espaço à politização da Justiça através dos pouco recomendáveis líderes sindicais dos magistrados.
Desde o processo Casa Pia, passando pelo Freeport e Face Oculta, o PSD não esbanjou uma única ocasião para derrubar o PS através da suspeição dos seus dirigentes e, em especial, dos ataques ao primeiro-ministro. Chegou ao cúmulo de ter como único projecto de Governo o combate à «asfixia democrática», com a ajuda de avençados de Belém – um escândalo que exigia uma acção de despejo e desinfecção do palácio.
Enquanto o PSD, relevante na definição do regime português, se vai desgastando, surge Paulo Portas com ar de Estado a fingir que é tutor da democracia, quando deve ao PSD a chegada ao Governo e o branqueamento do passado na cena internacional, donde tinha sido afastado da família conservadora e remetido para a extrema-direita.
É doloroso ouvir Paulo Portas, sem contraditório, referir os partidos com vocação de poder, o que, traduzindo o seu pensamento, significa afastar o PCP e o BE da esfera das negociações governamentais, quando a higiene recomendaria ao PS alguma distância de Portas e dos que expulsaram da sede a foto do fundador do partido. Em democracia, não há partidos bons ou maus, como pretende Portas, no seu maniqueísmo de raiz totalitária. Há partidos maiores e menores, conforme o número de deputados.
Foi pena que o PCP e o BE, em luta pela hegemonia da esquerda à esquerda do PS, não tenham negociado o apoio ao Orçamento, libertando Sócrates das amarras do CDS. Ao excluírem-se, com ou sem culpa do Governo, podem ter contribuído para enfraquecer o PS mas colaboraram na recuperação da imagem do PR e na aceleração do regresso da direita ao poder.
E não sabemos que direita.
Ponte Europa / Sorumbático
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