Homenagem a Miguel Torga do 12.º aniversário da sua morte
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada
(Miguel Torga)
Comentários
Torga como médico, como romancista ou como poeta, será sempre grande, seja qual for o ângulo em que se deixe fotografar.
Foi Torga quem disse: "Aqui é preciso aceitar tudo, porque o trigo e o joio fazem parte do mesmo corpo sem possibilidade de separação. Daí, multiplicidade, partidos, controvérsias, oposição. E isto é força, é dialéctica, é criação. A uniformidade social é a monotonia de um batatal. E a história perdoa tudo menos a monotonia."
Xico Cultura
Aproveitando a efeméride, cito uma frase de Torga para motivá-lo na prossecução deste blog, como espaço de discussão, aberto e livre.
"Todo o semeador semeia contra o presente"
Se fosse vivo, seria a favor da matança de criancinhas inocentes e por nascer.
Seria um cultor da morte.
Mas eu é que não pude ainda por meus passos/Sair desta prisão em corpo inteiro,/E levantar a âncora , e cair nos braços/De Ariane, o veleiro.
Miguel Torga
(Cadeia do Aljube - Janeiro 1940)
E o Tejo e a liberdade ali tão perto, à distância de um gesto.
jrd
Só a mesquinhez moral e a indigência intelectual (desculpe que lhe o diga) podem dar origem à pia alarvidade que escreveu.
Quem não honra os seus escritores (Torga é um dos maiores de sempre) não é digno da língua portuguesa.