Momento de poesia
VIÚVAS DE VIVOS *
Viúvas de vivos
vestidas de negro
já mortas por dentro
sem viço no corpo, sem sorrisos na alma…
No rosto, as marcas das rugas,
marcadas antes do tempo…
Cobertas com o xaile
lenha à cabeça
arrastam a carga como um jumento,
rasgam a terra atrás do arado
acendem o lume, aquecem o caldo
aquecem o corpo, que sentem frio
deitam-se cedo na solidão da cama
abraçadas à noite e a um lugar vazio…
Alexandre de Castro - Ourém, Janeiro de 2007
* Reportado à paisagem humana do nordeste transmontano na década de sessenta, quando a região foi assolada pela grande vaga migratória para a França.
Viúvas de vivos
vestidas de negro
já mortas por dentro
sem viço no corpo, sem sorrisos na alma…
No rosto, as marcas das rugas,
marcadas antes do tempo…
Cobertas com o xaile
lenha à cabeça
arrastam a carga como um jumento,
rasgam a terra atrás do arado
acendem o lume, aquecem o caldo
aquecem o corpo, que sentem frio
deitam-se cedo na solidão da cama
abraçadas à noite e a um lugar vazio…
Alexandre de Castro - Ourém, Janeiro de 2007
* Reportado à paisagem humana do nordeste transmontano na década de sessenta, quando a região foi assolada pela grande vaga migratória para a França.
Comentários
podem ser viuvos de vivas vestidos de branco.
Concordo em absoluto com este último comentário, poder-se-á dizer é que a roupa mudou de côr.