Conferência "anti-G20": um trágico falhanço…
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A contribuição de todos os governos mundiais foi considerada essencial para “encontrar respostas urgentes, contundentes e coerentes com a gravidade da crise sistémica global que a Humanidade está a enfrentar”.
A convocatória denuncia que as respostas até agora equacionadas através do G7 ou do G20 e das Instituições Financeiras privadas, públicas e/ou multilaterais, preocupam-se em “salvar o sistema”, nas costas dos povos e dos Países que, desde o início da recessão económico-financeira, vêm pagando, exponencialmente, os indetermináveis (infindáveis) custos da crise.
Para conseguir soluções globais é indispensável unir forças que nasçam de uma participação global. É preciso instituir o respeito pela audição da voz de todos os membros e conferir-lhe uma equidade participativa, melhor, comparticipativa.
Daí, advêm a importância desta Conferência, neste preciso momento, para a comunidade internacional. Nem se pede muito...
Exige-se que a ONU ocupe o seu lugar, não se demita dos seus grandes desígnios, promovendo consensos que respondam à salvaguarda dos direitos humanos e ambientais.
Por último reitera-se o pedido de incluir – para além dos Governos - os movimentos e organizações sociais neste tipo de espaços: para além da gravidade económica existe nos bastidores uma gravíssima crise civilizacional.
As Organizações e os Países responsáveis pela convocatória da Conferência exigem que a resolução da crise não passe pela incidência de maiores sacrificios das nações mais pobres, porque estas não foram as responsáveis pela situação actual, mas as principais vítimas:
“Os governos, as instituições financeiras internacionais e os interesses privados responsáveis pela crise deveriam oferecer uma compensação adequada pelos prejuízos causados, incluindo a reparação de danos e o resgate do passivo acumulado(ecológico, histórico, social e económico) que o Norte coleccionou ao longo de gerações e é devedor aos povos do Sul”.
A ONU deve iniciar um porfiado trabalho até conseguir o desenvolvimento de uma plataforma ou um código comum de financiamento soberano, democrático e responsável que inclua não somente os Estados membros, mas também organizações da sociedade civil.
A proposta de declaração final da Conferência sintetiza uma consenso mundial sobre a crise, em termos de uma inusitada abertura e cujo realismo e a noção da responsabilidade, é impressionante.
Fala de um ”funcionamento inadequado da economia global", caracterizado por fragilidades sistémicas e desequilíbrios, da ” excessiva confiança na capacidade de auto-regulação dos mercados", de uma ”insuficiente ênfase num desenvolvimento humano equitativo” e no “comportamento irresponsável dos agentes económicos”.
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Apesar da importância da Conferência, grande número de representantes dos 192 países representados na ONU, não compareceram.
Os mais interessados foram os Países da América Central e do Sul.
São regiões onde crescem economias emergentes que têm uma imperiosa necessidade em defender-se da voracidade do "neo-liberalismo".
E estão fartos e cansados de dar para este peditório...
O G 7, o G7+1, ou o G20, a Wall Street, etc., continuarão a dominar o Mundo… enquanto os Países pobres não tiverem voz, nem forem capazes de impor mudanças.
Mas a impaciência cresce, transborda já que os povos consideram a actual depressão económico-financeira, uma "crise civilizacional". Como sabemos as crises civilizacionais são derrocadas do “status quo” que ocorrem pela decadência, esgotamento de alternativas ou pela força.
Dificilmente o diálogo civilizacional resolveu as profundas crises históricas, culturais, religiosas, sociais ou económicas. Os seus instrumentos de trabalho não abragem tão pesadas heranças. O diálogo civilizacional é, quase sempre, a porta de entrada para se compreender os problemas e procurar consensos. Uma ferramenta para promover a pacificação social.
Roma, i.e., o Império Romano, foi um excepcional exemplo como estas crises que dizem respeito ao imperialismo e a conceitos hegemónicos.
A hegemonia económica e financeira do Mundo ou grandes áreas do Planeta, está na fase de “contar espingardas”, já que ao lado das tradicionais potências financeiras, surgem, em polos diferentes do Mundo - China, Índia, Brasil,... -, as economias emergentes que não aceitam as actuais regras, nem reconhecem os actuais "Impérios".
As profundas mudanças são fruto, de incontroláveis sobressaltos históricos e não passam pelos areópagos internacionais. “Estouram” na rua!
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O que, para o Mundo, é um mau sinal!
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