Do Poço de Boliqueime a S. Bento
Cavaco Silva sucedeu a Soares e Sampaio, antecessores de grande qualidade intelectual e notável formação democrática. Tem, pois, o dever de exercer este seu mandato com a dignidade que o cargo merece e exige.
O primeiro-ministro de rudimentar cultura e falta de sensibilidade, que tolerou a censura do «Evangelho segundo Jesus Cristo», de José Saramago, atribuiu a dois pides a pensão que recusou ao heróico Salgueiro Maia e deu à sua Igreja a TVI, não pode manter, como PR, a mesma parcialidade, arrogância e prepotência. Não pode agredir os outros órgãos de soberania, criticar leis e acalentar atitudes de vingança, sob pena de agravar a crise e desprestigiar o órgão de soberania de que é titular unipessoal.
A presidência da comissão de honra da canonização de Nuno Álvares Pereira foi uma afronta ao Estado laico e um frete à Igreja que precisava de autenticar o milagre da cura do olho esquerdo de D. Guilhermina de Jesus, queimado com óleo de fritar peixe. Cavaco não teve em conta a sua incompetência constitucional para certificar milagres e não avaliou o enxovalho no caso de ser falso o prodígio ou o taumaturgo. Ou ambos.
A pressão sobre o Governo para conceder privilégios acrescidos à Igreja católica na regulamentação da Concordata é pior do que a alegada ingerência, não desmentida, no processo disciplinar de um enfermeiro do Hospital de S. João cujo arquivamento forçou.
A exigência ao Governo para fixar a data das eleições autárquicas, antes de ele anunciar a das legislativas, prenuncia um insólito envolvimento nas campanhas eleitorais que, em caso de derrota ou na ausência de uma maioria estável, o desacredita como árbitro.
A infeliz coincidência de repetir o que a líder do PSD insinua, numa afronta ao Governo legítimo, levou o presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, a criticar a sua intervenção sobre a eventual compra pela Portugal Telecom (PT) de 30 por cento da Media Capital, detentora da TVI, televisão que nasceu na sacristia pela devota unção do primeiro-ministro homónimo. Lançou suspeitas, talvez involuntárias, sobre a tentativa de afastamento de José Eduardo Moniz antes de o próprio se congratular com o negócio de que, por isenção e prudência, o PR se devia manter afastado.
O PR pode paralisar a acção do Governo mas arrisca-se a transformar Portugal num país do terceiro mundo, um Cavaquistão bloqueado pela intriga, a calúnia e o medo. Levará o PSD ao poder mas perde o enorme respeito do cargo em troca da vassalagem pessoal.
Cavaco entrou na luta eleitoral ao lado de Manuela Ferreira Leite. Não tendo o mérito dos anteriores presidentes podia, ao menos, tentar exercer o mandato com dignidade. Preferiu, ao que parece, fazer a rodagem de um carro novo.
O primeiro-ministro de rudimentar cultura e falta de sensibilidade, que tolerou a censura do «Evangelho segundo Jesus Cristo», de José Saramago, atribuiu a dois pides a pensão que recusou ao heróico Salgueiro Maia e deu à sua Igreja a TVI, não pode manter, como PR, a mesma parcialidade, arrogância e prepotência. Não pode agredir os outros órgãos de soberania, criticar leis e acalentar atitudes de vingança, sob pena de agravar a crise e desprestigiar o órgão de soberania de que é titular unipessoal.
A presidência da comissão de honra da canonização de Nuno Álvares Pereira foi uma afronta ao Estado laico e um frete à Igreja que precisava de autenticar o milagre da cura do olho esquerdo de D. Guilhermina de Jesus, queimado com óleo de fritar peixe. Cavaco não teve em conta a sua incompetência constitucional para certificar milagres e não avaliou o enxovalho no caso de ser falso o prodígio ou o taumaturgo. Ou ambos.
A pressão sobre o Governo para conceder privilégios acrescidos à Igreja católica na regulamentação da Concordata é pior do que a alegada ingerência, não desmentida, no processo disciplinar de um enfermeiro do Hospital de S. João cujo arquivamento forçou.
A exigência ao Governo para fixar a data das eleições autárquicas, antes de ele anunciar a das legislativas, prenuncia um insólito envolvimento nas campanhas eleitorais que, em caso de derrota ou na ausência de uma maioria estável, o desacredita como árbitro.
A infeliz coincidência de repetir o que a líder do PSD insinua, numa afronta ao Governo legítimo, levou o presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, a criticar a sua intervenção sobre a eventual compra pela Portugal Telecom (PT) de 30 por cento da Media Capital, detentora da TVI, televisão que nasceu na sacristia pela devota unção do primeiro-ministro homónimo. Lançou suspeitas, talvez involuntárias, sobre a tentativa de afastamento de José Eduardo Moniz antes de o próprio se congratular com o negócio de que, por isenção e prudência, o PR se devia manter afastado.
O PR pode paralisar a acção do Governo mas arrisca-se a transformar Portugal num país do terceiro mundo, um Cavaquistão bloqueado pela intriga, a calúnia e o medo. Levará o PSD ao poder mas perde o enorme respeito do cargo em troca da vassalagem pessoal.
Cavaco entrou na luta eleitoral ao lado de Manuela Ferreira Leite. Não tendo o mérito dos anteriores presidentes podia, ao menos, tentar exercer o mandato com dignidade. Preferiu, ao que parece, fazer a rodagem de um carro novo.
Comentários
É apenas um facto. Veio nos jornais e não foi desmentido.
O serviço é Otorrino.
É o melhor serviço dado que lá fazem lavagens aos ouvidos por causa da cera.
E se vêm nos jornais é como se fosse no Diário da Republica! Aliás, CE tem sempre muito cuidado com as fontes, desde que as mesmas não sejam de água benta...