Momento zen de segunda
João César das Neves (JCN) exonerou a propensão mística da sua homilia de hoje no Diário de Notícias e enveredou pelos caminhos da história.
Reconhece que vivemos em democracia, em termos elogiosos, o que não é consensual nas hostes cavaquistas, onde há quem conjecture vantagens numa suspensão temporária.
O articulista só perde a compostura e a serenidade quando os padres da sua Igreja estão afastados do poder. É essa devota visão que o leva a creditar que:
- os regimes constitucionais, liberais e republicanos foram experiências vergonhosas;
- o absolutismo de D. Miguel foi pintado [injustamente] com cores negras;
- a ditadura de João Franco [que custou a vida a D. Carlos e ao filho], foi uma pseudo-ditadura;
- as mudanças de 1834 e 1910 criaram das piores calamidades políticas na nossa terra.
(Duvido que os Távoras, os que arderam em autos de fé, as vítimas do esclavagismo, os índios evangelizados ou os condenados ao degredo, tivessem consciência da sorte que lhes coube por terem nascido antes de 1834). JCN não fez referência aos esbirros de Pina Manique nem às taras da família de Bragança e, muito menos, à dissipação do ouro do Brasil a caminho do Vaticano. A devoçãotorna santas as patifarias.
O pio JCN esconjura Sócrates, Leite, Louçã, Jerónimo e Portas, a quem atribui pecados veniais comparados com os mortais que o escriba atribui a Fontes, Hintze, Afonso Costa e Brito Camacho. Claro que a figura enorme de Afonso Costa é de mais difícil digestão do que a rodela de pão ázimo com que quotidianamente alimenta a alma.
Aos males desta República não faltam as comparações antigas. A expulsão das ordens religiosas é comparada ao aborto e à eutanásia, males que não existiam quando D. João V, Senhor Fidelíssimo, ia dormir com a madre Paula ao Convento de Odivelas. A separação da Igreja e do Estado, um acto de higiene que Portugal deve a Afonso Costa, sabe-lhe a fel. O divórcio e o casamento dos homossexuais fá-lo entrar em histeria e revela a misoginia bebida em Paulo de Tarso e a homofobia que o corroem.
Finalmente, JCN vê no atraso da regulamentação dessa iniquidade que dá pelo nome de Concordata os fumos da Carbonária.
O bem-aventurado esforça-se por ganhar o Paraíso de cuja existência, embora prometida aos pobres de espírito, não há a mais leve suspeita ou o menor indício.
Reconhece que vivemos em democracia, em termos elogiosos, o que não é consensual nas hostes cavaquistas, onde há quem conjecture vantagens numa suspensão temporária.
O articulista só perde a compostura e a serenidade quando os padres da sua Igreja estão afastados do poder. É essa devota visão que o leva a creditar que:
- os regimes constitucionais, liberais e republicanos foram experiências vergonhosas;
- o absolutismo de D. Miguel foi pintado [injustamente] com cores negras;
- a ditadura de João Franco [que custou a vida a D. Carlos e ao filho], foi uma pseudo-ditadura;
- as mudanças de 1834 e 1910 criaram das piores calamidades políticas na nossa terra.
(Duvido que os Távoras, os que arderam em autos de fé, as vítimas do esclavagismo, os índios evangelizados ou os condenados ao degredo, tivessem consciência da sorte que lhes coube por terem nascido antes de 1834). JCN não fez referência aos esbirros de Pina Manique nem às taras da família de Bragança e, muito menos, à dissipação do ouro do Brasil a caminho do Vaticano. A devoçãotorna santas as patifarias.
O pio JCN esconjura Sócrates, Leite, Louçã, Jerónimo e Portas, a quem atribui pecados veniais comparados com os mortais que o escriba atribui a Fontes, Hintze, Afonso Costa e Brito Camacho. Claro que a figura enorme de Afonso Costa é de mais difícil digestão do que a rodela de pão ázimo com que quotidianamente alimenta a alma.
Aos males desta República não faltam as comparações antigas. A expulsão das ordens religiosas é comparada ao aborto e à eutanásia, males que não existiam quando D. João V, Senhor Fidelíssimo, ia dormir com a madre Paula ao Convento de Odivelas. A separação da Igreja e do Estado, um acto de higiene que Portugal deve a Afonso Costa, sabe-lhe a fel. O divórcio e o casamento dos homossexuais fá-lo entrar em histeria e revela a misoginia bebida em Paulo de Tarso e a homofobia que o corroem.
Finalmente, JCN vê no atraso da regulamentação dessa iniquidade que dá pelo nome de Concordata os fumos da Carbonária.
O bem-aventurado esforça-se por ganhar o Paraíso de cuja existência, embora prometida aos pobres de espírito, não há a mais leve suspeita ou o menor indício.
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