Vaticano reconhece segundo milagre de João Paulo II
Julgava-se que, com o papa Francisco, chegara ao Vaticano
uma pessoa normal, que não podendo evitar o lóbi gay e a corrupção que o aguardavam,
poderia ainda suspender os milagres já preparados para a indústria da
santidade.
É um truísmo banal afirmar que «o que pode ser afirmado sem
provas, pode igualmente negar-se sem provas», mas surpreende que no século atual
ainda se inventem milagres para alimentar o comércio da fé.
Quando «a cura inexplicável de uma mulher» se transforma em
milagre e se descobre logo o autor, há uma boa dose de superstição ou uma deliberada
encenação do embuste.
Esqueçamos o Papa que perseguiu os teólogos da libertação,
que os reduziu ao silêncio e que deixou à solta a Opus Dei, o negócio dos
milagres e o encobrimento dos casos de pedofilia. Fica ainda a cumplicidade com
Reagan e a proteção a Pinochet, cujos crimes silenciou ao contrário dos
esforços para lhe evitar o julgamento. Não houve ditador sul-americano católico
que não tivesse a sua bênção e ações contra o comunismo que não tivessem a sua subvenção
pia sem escrúpulos sobre a origem do dinheiro.
A proteção ao arcebispo Marcinkus, cuja extradição impediu,
para evitar o julgamento e a condenação que esclareceria a lavagem de dinheiro
no Vaticano e a falência do banco Ambrosiano, era suficiente para manchar o
pontificado de João Paulo II.
Quem protegeu os mais reacionários movimentos católicos,
Opus Dei, Legionários de Cristo e Comunhão e Libertação, grandes contribuintes dos
cofres do Vaticano, todos envolvidos em escândalos à escala planetária, apenas
porque lutou contra o comunismo, não merece que lhe adjudiquem um milagre para o
colocarem nas peanhas das igrejas e nos santinhos que distribuem pelos garotos
do Terceiro Mundo.
Afinal, o Papa Francisco apenas continua o negócio por
outros meios. A santidade é o estado
civil e a profissão do velho celibatário, à semelhança dos seus antecessores.
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