O Código Da Vinci queimado em Itália
A intolerância faz o seu caminho. Depois das caricaturas de Maomé que foram pretexto para desacatos da horda imensa de árabes ociosos, acicatados pela demência de mullahs, regressou à Europa o gosto pirómano contra a cultura.
As religiões monoteístas mobilizam crentes embrutecidos para protagonizarem cenas que julgávamos exclusivas da Idade Média. Na própria Europa, um romance e o filme que sobre ele foi realizado são alvos da ira eclesiástica e da fúria de crentes exaltados.
A queima em praça pública de exemplares de «O Código Da Vinci», uma iniciativa da extrema-direita italiana patrocinada por Stefano Gizzi, da Democracia Cristã, e Massimo Ruspandini, da Aliança Nacional, remete-nos para os totalitarismos do séc. XX que ensombraram a Europa.
As fogueiras são a dolorosa memória dos tempos do Santo Ofício e um perigoso indício do retrocesso civilizacional que dignitários de diversas religiões estimulam.
A ira beata contra um romance policial (bem interessante, por sinal) e respectivo filme, é uma ameaça às liberdades europeias, conquistadas através de um longo processo de secularização.
Se não formos vigilantes perante os detentores das verdades absolutas seremos vigiados de novo e a liberdade é um bem demasiado precioso para que a deixemos sacrificar no altar da intolerância e do fanatismo.
Quando se celebra o Ano Mundial do Livro há quem se excite com as fogueiras que queimam livros e incite à proibição de filmes.
Quando das caricaturas de Maomé, encontrei no PSD e no CDS aliados na defesa da liberdade de expressão. Espero achá-los de novo a execrar o comportamento violento dos díscolos que queimaram o romance de Dan Brown e querem proibir o filme.
Ponte Europa/Diário Ateísta
Comentários
Não compreendo como pode a Igreja Católica manter impune um prelado capaz de promover uma queima seja de que livros for... quando mais livros DE FICÇÃO. Que a Santa Madre Igreja se tenha sentido ameaçada com as teses de Galileu e de Darwin, compreende-se - tinha razões para isso, e demorou séculos para recuperar do temor. Agora, ter medo de um livro DE FICÇÃO? Ainda por cima de uma ficção que em termos de qualidade literária não pode competir com esse best-seller de todos os tempos, essa antologia ficcional que é a Bíblia????
O tempora, o mores!
Rabinos,
Muftis:
Ninguém está disponível para assistir com indiferença, assustar-se ou mentalmente sancionar novos
autos-de-fé.
Macartistas:
Ninguém está disponível para assistir com indiferença, assustar-se ou mentalmente sancionar a caça às bruxas.
Neo-nazis:
Ninguém está disponível para assistir com indiferença assustar-se ou mentalmente sancionar novas "queimas" de livros.
Aos novos pirómanos do espírito e da inteligência:
Estaremos atentos. A tragédia histótica do passado, não dará consistencia à comédia.
Na verdade vale a pena citar (relembrar) Heinrich Heine:
"ONDE SE QUEIMAM LIVROS, ACABA-SE QUEIMANDO PESSOAS".
A intolerância assume sempre várias formas.Infelizmente a cegueira é tanta que nem sempre eixa ver.
è uma nova forma de inquisição,
se vivessem noutras eras o que seriam? ou como lhe chamariam?
O direito à liberdade de expressão inclui ou não o direito de queimar livros?
el s.