Como se perdem eleições: 20 anos de “inocência” social-democrata na Europa...





De 1988 a 2008, a social-democracia europeia centrou os seus esforços na construção da Europa.
Esse desígnio, necessitava de um suporte material.
Então, a social-democracia empenha-se na criação da “zona euro”.
O euro (€) saiu muito caro à social-democracia europeia.
Obrigou os socialistas (de diversos matizes) a fazerem um mau negócio em termos de futuro:
- aceitar o liberalismo em nome do federalismo.

Para justificar esta reviravolta a social-democracia tentou passar uma mensagem que se revelou, pura e simplesmente, desastrosa:
- menos Estado, mais Europa!

Esta, estratégia não vendeu junto de um eleitorado europeu muito cioso das suas soberanias (pátrias) e ideologicamente com uma pesada carga nacionalista (nações).
Este longo ciclo europeu (20 anos!) desmoronou-se.

No fim da caminhada a social-democracia tinha empenhado toda a sua credibilidade política e desbaratado, ou escorraçado, todos os potenciais lideres.
Uma social-democracia submersa numa orfandade política incapaz de conservar a credibilidade.

É interessante nanalisar o caso alemão onde PSD e CDU repartem as responsabilidades do poder. Chega a crise económico-financeira. Ambos os partidos lançam-se no combate. O PSD é que foi a vítima, porque os cidadãos germânicos imputam-lhe grandes responsabilidades pelas consequências sociais, nomeadamente, o desemprego. Por outro lado, os alemães, em questões de dinheiro, confiam – instintivamente - na Direita. Embora tenha sido a Direita, neo-conservadora e neo-liberal a causadora da crise vence as eleições europeias. A Esquerda não explorou esta situação, ou não soube fazê-lo.«, perdeu-as.

No meio deste imbróglio salvaram-se “Os Verdes”. Mas, hoje, com as hesitações e as fragilidades da social-democracia a sua aliança com “Os Verdes” está mais do que comprometida.

A crise completa-se com o público e propagandeado apoio de socialistas a Durão Barroso. Desnecessário apoio, já que o PPE e uma maioria de 21 países da EU, governados pela Direita, dispensavam esta ajuda. Ela só serve para a perda de identidade política da social-democracia. Há derrotas que são marcantes – até para os vencidos. Outras, há, que são humilhantes para todos.

A social-democracia com a posição que tomou em relação a Durão Barroso que será indigitado (ou, segundo uma nova fórmula uma “confirmação jurídica”!) para presidente da Comissão Europeia, num próximo “jantar de trabalho” convocado pela presidência checa, sob sugestão do próprio Barroso, acelerou o seu suicídio político a longo termo.

Nasce, aqui, um outro diferendo europeu.
Cohen-Bendit, líder de Os Verdes, tenta construir com base no novo Parlamento eleito e na utilização do previsto pelo Tratado de Lisboa uma alternativa “anti-Barroso”. Por, mamter esta coerência ganhou votos e deputados nas últimas eleições.
Os líderes nacionais – incluindo os socais-democratas de Portugal, Espanha, Grã-Bretanha, etc. - preferem não transformar esta nomeação, numa eleição do PE, embora seja esse o espírito e a letra do Tratado de Lisboa. Neste momento depois de andarem a chorar a sua não aprovação pela Irlanda, serve-lhes o Tratado de Nice.
Poul Rasmussen, tem uma posição semelhante a Cohen- Bendit, mas como não deverá estar no tal “jantar”, não evitará a tal “confirmação jurídica”.

Nos próximos 5 anos, os choques de interesses nacionais, a obediência atlantista e a confluência PPE-PSE em mais do 80% das resoluções do PE, colocará a UE, ainda, em pior situação.

O preço destes extemporâneos e subservientes apoios dos partidos da Esquerda moderada, quer estejam no poder, ou que se rebelem contra a posição de líder do PSE Rasmussen, serão fatais para as próximas gerações sociais-democratas, socialistas ou trabalhistas europeias.

Estes erros têm um preço elevadíssimo. O maior deles será o descrédito dos cidadãos europeus naquilo que, de facto, é “só” um slogan: A Europa dos Povos!

Comentários

polytikan disse…
se calhar é o próprio "modelo social europeu" que está em causa,
por não ser compatível com as leis do mercado em concorrência global.

nós, europeus, teremos que competir, mesmo dentro da Europa, com chineses, indianos, americanos do sul e do norte, russos, africanos, etc.

neste contexto, talvez fosse de recear uma maior adesão ao discurso xenófobo, mas que em boa medida foi já protagonizado pelos partidos ditos politicamente correctos da direita.

http://www.predict09.eu/default/en-us/state_analyses.aspx#portugal

com "margens de erro" das sondagens consideráveis em vários países.

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