A primeira missa do Patriarca de Lisboa

Consta que 278 padres e bispos e 65 diáconos foram o ornamento pio do Sr. Dr. Manuel Clemente quando ontem rezou a 1.ª missa como patriarca de Lisboa.

Além dos referidos empregados da diocese estavam presentes, na condição de créus, os Srs. Paulo Portas, Cavaco Silva e Passos Coelho, por ordem decrescente de importância.

Não sei se a missa de um patriarca tem atrativos litúrgicos que aliciem a freguesia mas a presença não deve ser alheia aos pecados dos réprobos e ao peso da consciência.

Se a missa é lixivia suficiente para limpar nódoas a tais personagens, podem continuar a arruinar o País porque não há nódoa que uma confissão bem feita, o arrependimento sincero e a penitência cumprida não limpem.

No Vaticano, as missas e indulgências são a terebentina que na igreja lava os pecados (nódoas da alma) e no IOR o dinheiro de origem suspeita.

A Presidente da Assembleia da República, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Presidente do Tribunal de Contas e  o ministro da Segurança Social foram as figuras de Estado que, segundo a comunicação social, se juntaram aos três crentes já referidos no festival litúrgico da primeira missa do novo patriarca.

Os pecadores têm todo o direito às missas e complementos pios que lhes aprouver, mas não podem invocar a qualidade de altos dignitários do Estado sob pena de converterem o país num protetorado do Vaticano. Podem viajar de joelhos e rezar novenas mas não podem invocar uma condição que transforma o país laico numa sacristia.

Talvez não saibam o que é a ética republicana.

Comentários

Manuel Galvão disse…
terá PPortas sido recebido com palmas, também?

É o que mais me intriga... a televisão não mostrou.
Deve ter-sido, Manuel Galvão. Devia ser gente paga.
e-pá! disse…
Portas é capaz de ter entrado pelos pastéis de Belém. Estes mosteiros são pródigos em ocultas passagens subterrâneas (com múltiplas utilidades).
A antepenúltima reunião do Governo foi - se não estou enganado - no mosteiro de Alcobaça. A última (assim seja!) e 'alargada' aconteceu nos Jerónimos. Trata-se da penosa (piedosa ?) remodelação de um governo paroquial num 'monástico'.

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