Gato escondido, incluindo o rabo
O PR, arrependido ou envergonhado do seu Governo,
ridicularizado por alguns dos seus ministros, ou lhe deu aval para a
remodelação de Portas e, depois, num ato de vingança, a recusou, ou não deu
aval mas esperou em silêncio que a dupla Portas/Coelho desse os negócios por
terminados e os anunciasse em público, para lhes dar com a porta na cara.
Fosse como fosse, o PR tomou a decisão irrevogável de não
tomar decisão alguma e, na doce ilusão de salvar a face, quis entregar ao PS a reparação
do seu Governo com peças ferrugentas e engrenagens gripadas. Enfim, exigiu-lhe,
depois de o ter ignorado, que lhe embalsamasse o cadáver.
O comunicado da PR sobre a audiência que Cavaco concedeu ao
PSD, ao CDS e ao PS (sem se perceber porque excluiu o PCP e o BE) afirma no
ponto n.º 2 que os referidos partidos «manifestaram a disponibilidade
para iniciarem, o mais brevemente possível, conversações com vista a um
compromisso de salvação nacional…», atitude contrária à reiterada afirmação
pública do PS de exigir que o PCP e o BE fossem ouvidos e de que não haveria
compromissos sem eleições.
Ou o PR, mais uma vez, vem explicar o que quis dizer com o
comunicado, ou se cala à espera de que o PS o desminta, ou Seguro terá de
explicar o que o levou a sacrificar a reputação, à semelhança de Paulo Portas, e
acabará a citar Sá Carneiro.
Todos sabemos que a clareza não é uma virtude do PR. Falta saber
se a coerência é uma virtude de Seguro.
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