NOVA REENCARNAÇÃO DO CARDEAL CEREJEIRA
Já conhecíamos a filosofia política do anterior Cardeal Patriarca José Policarpo, traduzida em aforismos tais como: "não se resolve nada contestando" e "Não vos revolteis!".
Ontem tomou posse o seu sucessor, Manuel Clemente, num momento em que a sociedade portuguesa se encontra profundamente dividida entre a direita e a extrema direita, que querem à fina força recauchutar o atual governo, e o centro e a esquerda, que pretendem eleições antecipadas.
O novo Patriarca, logo no dia em que tomou posse, fez questão de tomar partido: rodeado de um grupo de jornalistas, declarou perante as câmaras das televisões que o atual governo tem legitimidade democrática e que a solução para a crise política deve ser encontrada dentro do atual quadro parlamentar. Nada de eleições, portanto.
Temos, assim, mais do mesmo: a Santa Madre Igreja como sustentáculo da direita reacionária.
Nada que não se esperasse. Mas se dúvidas houvesse em alguns espíritos mais ingénuos, Sua Eminência fez questão de as dissipar logo no primeiro dia.
O espetro do sinistro Cardeal Cerejeira continua pois a pairar sobre a igreja católica portuguesa.
Comentários
Só por milagre é que hoje deixaria de ser verdade aquilo que há séculos é prática corrente.
E os milagres que se vêem, mesmo os do papa polaco, não são mais que produtos de mercado. Que se vendem muito bem, a palermas, a crentes, a alienados, a asnos.
Por isso, rédea solta e andando!
Todo aquele ambiente 'feudal' não pode deixar de incomodar qualquer mente aberta ao Mundo pelo que de sinistro esconde por detrás.
Trata-se uma inacreditável violentação de todo conteúdo racional e humano que desde o Renascimento faz parte da herança cultural dos povos.
Todas as anunciadas, projectadas, 'esperadas' mudanças, i. e., o 'mito do aggiornamento', pretendem esconder um papel desenhado a régua e esquadro para funcionar como um implacável instrumento de coerção social. Dessacralização e a secularização da vida dos Homens é um processo em regressão no seio da ICAR que se encontra espelhado na 'glorificação' do cardeal Ratzinger e, como podemos constatar, não foi eliminado.
Ontem, tive essa nítida percepção. Por fim, as declarações 'ex-cathedra' do novo patriarca clarificaram o conteúdo do que estava a ser transmitido para o País.
Hoje nos Jerónimos os rituais de subserviência do poder político [que temos...] à ICAR foi verdadeiramente 'nojenta'.
É verdade. E é também de notar que Passos Coelho, que onde quer que vá é apupado, nessa cerimónia dos Jerónimos foi ovacionado!
É manifesto que a ICAR e a direita são unha com carne.