O meu voto nas eleições autárquicas

Não julguem os leitores que me falta firmeza nas convicções e coragem na decisão. Não é isso que está em causa. Desprezo a contabilidade dos partidos com o mesmo olímpico desdém com que, frequentemente, eles desprezam os compromissos.

Não sei se vou votar no partido com o qual sinto mais afinidades, porque existe, mas no que considero mais útil o voto, de acordo com o meu ideário e o julgamento que faço do interesse dos portugueses.

Como voto em Coimbra, saberei pelas sondagens qual dos três partidos, PCP, BE e PS, isolado ou em coligação, está mais próximo de meter o último vereador que para alguns será o único. Pois é nesse partido que arrisco o voto na esperança de sobrepor a razão e o pragmatismo ao coração.

Esta é a minha atitude, para votar contra o Governo. Nem sequer é o voto contra o PSD, mas contra a cáfila que domina o partido que, com o CDS, tem levado a cabo a política vingativa contra a democracia, a República, a laicidade e a decência, enquanto semeia o pânico entre os raros que ainda têm emprego e todos os que estão reduzidos à pensão de reforma.

Podem, pois, digladiar-se os partidos referidos que, no meu desprezo pelas suas guerras, a minha decisão será a que anunciei. Um deles terá o meu voto, ainda que seja aquele de que me sinto mais distante ou que considere o mais intolerante.

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