Miguel Sousa Tavares, o Ministério Público e o PR

A situação insólita em que Cavaco deixou mergulhado o País só tem paralelo na incúria com que favoreceu o apodrecimento do Governo e na temeridade com que, em público, se comprometeu reiteradamente a apoiá-lo.

Não fosse o risco possível de entrarmos em rotura financeira, risco pelo qual fez mais o PR,  num acesso de vingança, do que o inepto Passos Coelho e o instável Portas, juntos, e teríamos uma situação interessante para a análise política. Infelizmente estamos num país em que o desemprego, a fome e o desespero estão incontroláveis, sem que Cavaco, na tentativa desesperada de melhorar a reputação, tivesse pensado nisso.

As humilhações a que Passos e Portas o submeteram foram, de facto, mais próprias de adolescentes do que de um político incapaz e outro capaz de tudo, ambos de maioridade. No entanto, a fria vingança de Cavaco, com o epíteto de Miguel Sousa Tavares colado à pele e o azedume do arquivamento da ofensa pelo Ministério Público, levou quem devia defender o regular funcionamento das instituições a ser ele próprio a colocar o País à deriva.

Nem a exótica exigência ao PS, partido que abomina, passa de uma grotesca encenação para fingir que tem melhor solução do que eleições antecipadas. Agora, no labirinto em que se enredou, só lhe resta o exemplo deprimente de Paulo Portas, dar o dito por não dito e acabar a citar Sá Carneiro.

A menos que, em vez de dar sepultura condigna ao monstro que alimentou – o Governo –, prefira arrastar Portugal na tragédia a que os seus sete Roteiros não são alheios.

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