Cavaco - o Homem e o Estilo

Cavaco esteve à altura de si próprio. Não leu o guião que o CDS lhe tinha preparado, não recorreu a Fernando Lima, em férias prolongadas depois da intentona das escutas, e resolveu escrever ele próprio o surpreendente texto que, por falta de vocativo, podia ser endereçado aos deuses.

Reconheçamos que foi grande no desprezo pelo autor da maior crise política, no pior momento e da pior maneira. Não chamou rapazito a Portas e incapaz a Passos Coelho, não se queixou sequer da proteção que deu a esta espécie de Governo. Cavaco limitou-se, num ato de grandeza, a pedir ao PS que ajudasse o seu Governo e a acusá-lo de autor do próximo fracasso do que considera ainda o Governo legítimo.

Cavaco foi grande no humor. Falou de tal modo que os intérpretes do costume ficaram siderados. Não sabem o que disse, pensa ou fará. Quando, hoje, a Bolsa de valores abrir em queda, não foi pelo que ele disse mas pela impossibilidade da Bolsa adivinhar o que ele quis dizer. Os partidos do Governo que confiavam no discurso que conheciam ficaram desorientados e cancelaram a marcação para serem os primeiros a falar.

Cavaco, no seu imenso humor, deve estar divertido com a confusão, alheio ao milhão de desempregados e às malfeitorias do Governo. Só amanhã escreverá no faceboock o que quis dizer.

Comentários

Bmonteiro disse…
Ingovernáveis.
Nada a fazer.
Para compensar cedências de vulto para o estrangeiro, casos Barroso e Constâncio,
talvez exigir um enviado da Manchúria ou da Prússia.
Assim falava Zaratrusta reformado em Belém.
e-pá! disse…
Foi impressionante o esforço que Cavaco Silva desenvolveu para tentar justificar o injustificável, ou seja, 'isto':
Preferiu mimosear os portugueses com um 'arranjo circunstancial' em detrimento da 'estabilidade institucional' que tem obrigação e jurou defender.
Ontem, o País ficou com uma certeza:
- o 'falhanço total' do resgate e que uma 2ª. dose vem a caminho!
Paralelamente, 'nasceu' uma lancinante dúvida:
- avizinha-se o 'colapso' do regime?
Pior do que a comunicação de ontem é muito difícil de arranjar.
De resto, a reter: assistimos à demonstração que os previsíveis danos da solução 'ELEIÇÔES JÁ' são uma criança em comparação com o 'monstro' ontem anunciado e que Belém se dispõe a alimentar.
Mais: Começa a vingar a ideia de que já não bastam eleições legislativas para sair da presente crise política. Serão necessárias também - ou concomitantemente - presidenciais.

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