Até que enfim...

O primeiro ministro José Sócrates, disse no parlamento, durante o debate mensal, que a propriedade das farmácias vai deixar de ser um exclusivo dos licenciados em farmácia.

Prometeu ainda que seriam autorizadas 300 novas farmácias.

Até hoje não tinha havido coragem para pôr cobro a tal anacronismo.

Resta saber se a Associação Nacional de Farmácias, uma poderosa e pouco transparente associação patronal, dirigida por João Cordeiro, recebeu algo em troca.

Comentários

Neste processo, o que eu acho verdadeiramente surpreendente, é a posição contraria da Ordem dos Farmaceuticos.

Mas que Ordem esta, que em vez de estar satisfeita pela criação de pelo menos + 350 empregos para licenciados em farmácia, não, pelo contrario, fica completamente possessa.

Vá-se lá entender isto!

AF - Regionalização
.
Anónimo disse…
Caro António Felizes:

A OF foi sempre um instrumento dócil da ANF.
Anónimo disse…
As coisas não vão ser tão fáceis como parecem.

A medida que aí vem é ao fim e ao cabo uma liberalização.
O governo consciente disso, pretende limitar proprietários à posse de 4 farmácias.
Por outro lado esqueceu-se que a ANF é um dos mais importantes e poderosos lobbies económicos - precisamente engordado à custa do Estado.
Esqueceu-se, também, que criou um tal produto (do simplex?) chamado "empresa na hora".
Quantas empresas distintas (está previsto o fim das escrituras públicas) poderá a ANF, nos diferentes burgos e bairros, constituir (ou apadrinhar) em 24 horas?
- Um bom exercício para os economistas e políticos (se souberem matemática).
Anónimo disse…
As negociações entre a ANF e o governo (sob os altos auspícios de Socrates) encerram medidas que alrgam as competências das fármacias e, provavelmente, conflituam com outras associações profisionais.
Como explicar, p. exemplo, que as farmácias prestem serviços de primeiros socorros? Será que os farmacêiticos e os ajudentes de farmácia são multi-competentes?

Por outro lado, a comercialização de medicamentos reservados ás farmácias hospitalares é um grande negócio. Este item vem mascarado no acordo como "distribuição". Todos sabemos quais são os medicamentos apenas acessíveis nos hospitais. São por exemplo: anti-retrovirais (SIDA), citostáticos (cancro) e, mais recentemente, os medicamentos "biológicos" (artrite reumatóide). São medicamentos com preços elevadíssimos e, portanto, mesmo que a percentagem seja mínima, constituiem para as fármácias um importante volume de negócios. Mais, a maior parte dos custos destes medicamentos era comportada na íntegra pelo Estado. Pergunta-se ao entrarem no mercado vão deixar de ser?
Nos hospitais esses medicamentos estavam sujeitos a guide-lines. Vão entrar no mercado como prescrição livre, p. exemplo, no exercício privado da medicina?

A importação de medicamentos já à venda em países da UE, através da Alliance Unichem do grupo ANF, a tal Central de Compras, virá, concerteza, fazer disparar os custos das comparticipações dos medicamentos pelo Estado.
A não ser que ao mercado, não seja dada rédea solta.
Necessita de ser correctamente regulamentado. O que implica não só acordos entre o Estado e a ANF, mas também os Médicos, a Apifarma, etc.
Muitas questões para limar!
Anónimo disse…
OH ESPERANÇAS, TENS PROVAS?
VAI MAS É LAMBER AS BOTAS AO ROLHAS
Anónimo disse…
Anonymous said...
OH ESPERANÇAS, TENS PROVAS?
VAI MAS É LAMBER AS BOTAS AO ROLHAS
Sáb Mai 27, 09:51:33 PM

RE: Pela delicadeza que usa não podia deixar de responder-lhe.

A que provas se refere?

Acontece que o Paciente Português e o Cardeal Patriarca abrem-me pistas para eu seguir.

A sua pergunta não a percebo. Repito: «Provas de quê»?
Anónimo disse…
Nota de imprensa do Bloco de Esquerda

Farmácias: Bloco acusa governo de ceder a interesses da ANF

O deputado Francisco Louçã acusou hoje o primeiro-ministro de ter cedido aos interesses da Associação Nacional de Farmácias (ANF), entregando às suas associadas a concessão de farmácias hospitalares em troca da liberalização da propriedade das farmácias.

Depois de conhecido o protocolo assinado entre o Governo e a ANF, o Bloco de Esquerda reitera essas criticas e vê confirmada a razão das suas acusações. Compreende-se agora porque razão o primeiro-ministro, durante o debate mensal com os deputados, evitou divulgar o texto integral do protocolo.

Com efeito, o protocolo não só defende a concessão a privados de farmácias a instalar em hospitais, como estipula que os medicamentos actualmente distribuídos pelos hospitais aos doentes possam ser dispensados pelas farmácias privadas, uma medida que tenderá a aumentar ainda mais as despesas do Serviço Nacional de Saúde (art. 14.º e 16.º).

Percebe-se agora por que razão a Associação Nacional de Farmácias assinou um protocolo sobre uma matéria à qual sempre se opôs. O governo entregou às suas associadas, como moeda de troca, um negócio com o qual sempre sonharam: a venda de medicamentos nos hospitais.

Não se ficam por aqui, no entanto, as vantagens que a ANF e as suas associadas alcançaram com este acordo. O protocolo permite o alargamento substancial das actividades realizadas pelas farmácias, entregando-lhes competências até agora exclusivamente do domínio de médicos, enfermeiros e técnicos de saúde como a “administração de medicamentos e primeiros socorros” e a realização de “meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica” (art. 13.º)

Apesar de concordar com a liberalização da propriedade das farmácias - matéria sobre a qual já apresentou um projecto de lei que foi rejeitado pela anterior maioria PSD-PP e a abstenção do PS -, o Bloco de Esquerda não pode deixar de considerar que a negociação deste protocolo representa uma perigosa capitulação do governo aos interesses dos proprietários das farmácias em detrimento da sustentabilidade do SNS e esvaziando os serviços farmacêuticos dos hospitais públicos.
Anónimo disse…
Embora politicamente fora de moda - perante a presente história das farmácias - não posso deixar de pensar no opúsculo de Lenine : "como iludir o povo".

Como o (aparente?) fim do monopólio da propriedade das farmácias pode ser negociado com extraordinárias (e lucrativas) benesses para os farmaceuticos através do lobbie da ANF.

C. Esperança: o "até que enfim" espontâneamente soltado perante o anúncio de Socrates - C.Correia sobre a propriedade das farmácias, tem um escondido "até que enfim"
celebreado pela ANF.
Entre outras concessões (o comunicado do BE é correcto), tem o caminho aberto para entrar nos
hospitais públicos. Vão entrar no
negócio dos medicamentos pesados que oneram - e vão continuar exponencialmente a onerar - os custos da saúde em Portugal.
Escusam de vir com malabarismos técnico-financeiros porque todos sabemos que não vão fazê-lo de borla.
Daqui a algum tempo, quando a sustentabilidade do SNS, for questionada, vão aparecer os políticos a responsabilizar os médicos, os enfermeiros, os técnicos de saúde, etc., por desperdícios e, aos utentes, vão apresentar a factura (de solidariedade). Como se essa solidariedade não tivesse já sido exercida nas contribuições de cada um dos cidadãos, conforme os rendimentos que auferem ou possuem.

Quando chegar esse tempo - da destruição do SNS - será melhor enviar, previamente, a factura à ANF.
O prévio acordo com a ANF, mais a tal Central de compras, tornaram um acto de justiça, de harmonização e equidade económica com as restantes actividades, isto é, o fim da propriedade condicionada das farmácias, numa FARSA!
Volto ao p+rincípio:
E ASSIM SE ILUDE O POVO!
Anónimo disse…
Então porquê da EXCLUSIVIDADE dos:

ARQUITECTOS?
ADVOGADOS NOS NOTÀRIOS?
ETC ETC

Não podem usar a mesma lógica, daquilo que fizeram aos farmacêuticos?

grande injustiça!

Colocaram os farmacêuticos "escravos" de patrões que nada têm haver com os medicamentos, basta terem dinheiro!!

assim vai o DESGOVERNO DE SÓCRATES
Anónimo disse…
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse…
Zarco

Nós não estivemos lá...!
Foi uma reunião do PSD Madeira.
Foram ditas coisas, digamos, em família.
Umas para dentro, outras para fora, p. exº., para o Presidente da República.
Tomamos nota que entre a família do PSD-Madeira não há, por ora, desavenças. Nem entre os orgãos regionais e o PSD nacional.
Isto vale o que vale pelo menos até 2008.
Mas, o remate de Miguel de Sousa é
transcendental - "Como viram, não falei de nós".

Decididamente, deixamos de saber ler, ouvir e ajuizar.

Apostilha - segundo pensava o presente post referia-se às farmácias. Todavia o remédio para todos os meles estava à venda no Congresso do PSD-Madeira.
As voltas que o Mundo dá.
Anónimo disse…
Zarco:

O seu post foi apagado porque já consta dos comentários ao texto anterior.

Já lhe tinha pedido para não reincidir no «copy/paste».

Aos leitores interessados em lê-lo, basta abrir a caixa do anterior artigo.

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