É candidato...!


MANUEL ALEGRE, ontem, numa reunião de apoiantes socialistas realizada em Portimão, para homenagear o ex-Presidente (na I República) Manuel Teixeira Gomes que, por ironia do destino, também foi um poeta, anunciou formalmente a sua candidatura à Presidência da República.

Depois de cinco anos de hesitações e de inflexões tácticas contornando, ou melhor, enfrentando, os meandros político-partidários nacionais, Manuel Alegre, disponibilizou-se para mais este combate democrático.

Esta candidatura surge, no meu entender, com um timing certo.
O exercício do cargo pelo actual Presidente da República está a suscitar, cada vez mais, dúvidas, incertezas, interrogações e até uma (ainda surda) rejeição de milhões de portugueses.
Na verdade, é cada vez mais notória a falta de estofo político, transparência democrática e bagagem cultural, do actual ocupante do Palácio de Belém.

Na realidade, tornou-se notório que não precisamos de um expert em Economia para o lugar de topo na hierarquia do aparelho de Estado, como argumentou a Direita em relação a Cavaco Silva, tendo como pano de fundo o défice orçamental.
Manuel Alegre, distanciou-se – e bem – desta concepção tecnocrática que, frequentemente, tem levado a crispações institucionais, nomeadamente, com o poder Executivo e que tem sido perniciosa para os interesses nacionais.

Esteve bem ao afirmar que é preciso para o País “mais do que uma visão contabilística e tecnocrática”. Deste modo distanciou-se do “cavaquismo” espertalhão, sinuoso, esquivo, cultivador de tabus e prisioneiro de um conservadorismo retrógado e anquilosante.

Mais clarificou o conteúdo da sua candidatura ao acrescentar: “É preciso uma visão política, com abertura de espírito, inovação e criatividade. Mudar a economia, mudar o sentido da política, mudar a vida”.
Certo! O País precisa de mudar a vida e, também, mudar de vida.

Manuel Alegre – tal como Jorge Sampaio há 14 anos – encetou, ontem, com quase 1 ano de antecedência, os ciclópicos trabalhos que, com determinação, trabalho e persistência, levam um candidato à vitória.
Daqui para a frente - Manuel Alegre deve ter consciência disso - não há lugar para tréguas, tibiezas, indecisões ou perplexidades, nomeadamente, na imperiosa e imprescindível tarefa de construção e consolidação de um amplo consenso da Esquerda.

Mãos à obra. O futuro é já amanhã!

Comentários

Anónimo disse…
Triste cavaco, o que não dá bom samba! Já a poesia e a alegria, estes são indispensáveis a qualquer empreitada humana. Ainda mais se for a humana por excelência: a política.

Daqui do Brasil, torcemos pela alegria de Manuel Alegre em terras lusas!

Abraços!
Graza disse…
Já deu provas nas últimas presidenciais que não foi com "tibiezas, indecisões ou perplexidades" que se aventurou, pelo contrário, visto assim à distância aqueles primeiros dias foram feitos com meia dúzia de gatos pingados, passe o termo se alguém se ofender.
e-pá! disse…
Caro Graza e AHP:

As primeiras impressões colhidas nos seio do PS, p. exº., as declarações de José Lello, levam-me a insistir na necessidade de estar preparado para enfrentar "tibiezas, indecisões ou perplexidades"...
.
Caro e-pa!
Tenho para mim que Jose Lello eh, no PS, uma especie de porta-voz daqueles a que o proprio Manuel Alegre em tempos chamou "badamecos". Esperemos e facamos o possivel para que desta vez os badamecos nao levem a melhor!
andrepereira disse…
Asim está bem! Sózinho avança para um cargo unipessoal. Como Samapaio disse numa entrevista dada à semanas na RTP 2 Público e Renascença e olimpicamente ignorada pelo "establishment" o candidato tem que partir em solidão, com a energia interior, porque só isso lhe dará a independência e a força que tantas vezes precisará no Palácio de Belém. Se for empurrado ou com o caldo cozinhado dá um espectáculo degradante que alguns nos vão habituando. A partir de agora pois podemos olhar para Alegre e ver ali um candidato a valer.
Não sei se Alegre divide o PS - como dizem -, mas tenho a certeza de que Cavaco o une.
Posso concluir que temos aqui apoiantes do Alegre que não vão roer a corda ... Fico descansado ! É que eu da outra vez andava quase sózinho ...

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