Há quatro anos, em Madrid

Há quatro anos, neste dia, o terror bateu às portas de Madrid. A estação ferroviária de Atocha ficou manchada pelo sangue de 192 mortos e centenas de feridos, na maioria trabalhadores, que se dirigiam para o trabalho.

A demência feroz de fanáticos religiosos esteve na origem da tragédia, na violência dos efeitos e no medo que persiste. Os pregadores, que nas madraças e mesquitas incitam ao rancor e à piedade, raramente são julgados, ficam a orientar as rezas e a alimentar o ódio aos infiéis, crentes indefectíveis de que há um só Deus verdadeiro a quem todos devem prestar vassalagem.

A Europa conhece a violência das guerras religiosas e, talvez por isso, foi-se habituando à tolerância como factor de sobrevivência. Devem-se à secularização e ao laicismo a paz e o bem-estar dos últimos sessenta anos, com admirável respeito por todos os credos e culturas.

Os Estados de direito, democráticos, converteram-se em paradigma da Europa instruída e civilizada que sabe conviver com a diferença e respeitar os valores alheios, mas não se podem respeitar os valores que se sobrepõem aos Direitos do Homem, culturas que discriminam a mulher, concepções tribais que combatem a civilização.

Quatro anos volvidos sobre a tragédia de Atocha e muitos milhares de mortos depois, vítimas do fanatismo religioso, é altura de afirmar que ninguém é obrigado a respeitar as crenças injustificadas dos outros, a pactuar com a intolerância e a conviver com o medo do terrorismo.

É preciso encontrar, julgar e prender quem tem como profissão o incitamento ao ódio e à violência. O lugar desses pregadores não é o Paraíso que prometem, é a enxovia.

Em nome das vítimas de Atocha e de todos os que, ao longo dos séculos, sofreram a morte e a tortura por motivos religiosos, impõe-se como exigência civilizacional o aprofundamento da separação entre o Estado e a Igreja. Seja qual for a Igreja, qualquer que seja o Estado.

Comentários

Anónimo disse…
Aguarda ansiosamente que Ana publique mais um comentario tresloucado.
É uma delicia ler os comentário pertinentes desta verdadeira opinion maker.
Anónimo disse…
O Maio de 68, bem como à nossa escala o 25 de abril, conduziram a europa a um profundo laxismo que muitas vezes se confunde com tolerancia e liberdade. A consequente ausencia de valores tornou a europa num continente amorfo e vulneravel, estando agora a colher os frutos da libertinagem e anticlericalismo.
Enquanto a geração do Maio de 68, e a do 25 de abril à nossa escala, persistir no seu complexo de superioridade intelectual e não reconhecer o seu profundo erro, estes fenomenos serão cada vez mais recorrentes. Precisamos de lideres fortes que reneguem à concordancia com paises antidemocraticos e defensores de sistemas societários conflituantes com a sociedade ocidental.
Quem estiver mal que vá para cuba venezuela ou irão. Sitios não faltarão.
Anónimo disse…
Caro anónimo anterior
Se gosta tanto do clericalismo, vá você para o Irão, que lá é que o clericalismo e a lei religiosa imperam!
O que nos vale é que ainda restam alguns da geração de Maio de 1968 e do 25 de Abril, que mantém acesa a chama da liberdade. Assim tenham a quem a passar!
Comparados com eles, os menezes e os portas (refiro-me aos portas- paulos, indignos dos pais que tiveram) são anões acéfalos, sem coragem nem ideais. Só querem é dinheiro e penacho.
Anónimo disse…
Rectificação: "mantêm" e não "mantém"
Anónimo disse…
no hubo terroristas suicidas con varias capas de calzoncillos, como dijo una emisora de radio

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