Os voos da CIA

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Luís Amado, não pode comportar-se como um rural, deve assumir-se como europeu.

Se o presidente da Comissão Europeia fez tábua rasa da defesa dos Direitos Humanos e foi conivente nas sevícias de Guantánamo, não tem idoneidade moral para continuar no lugar que ocupa.

A Europa é um espaço de liberdade e de democracia onde o espírito medíocre dos bairrismos não pode levar à defesa tribal de um autóctone eventualmente indigno.

Comentários

Anónimo disse…
Tentaram tapar o sol com uma peneira e o resultado está à vista.

Os cidadãos, enquanto portugueses ou enquanto europeus, não podem aceitar ou contemporizar com uma eventual situação que ilibe - sem uma investigação prévia, rigorosa e isenta - Durão Barroso. Todos, mas mesmo todos, os que não colaboraram, ou se econderam, são cumplices desta grave questão humanitária.

Não nos podemos encolher porque Durão Barroso é presidente da Comissão Europeia e é português.
Se se comprovar, como é cada vez mais plausível, a sua complicidade terei vergonha do senhor, e de outros eventuais implicados, serem portugueses.

Muito ainda estará por deslindar acerca do que se passou naquela tenebrosa cimeira das Lajes.
Anónimo disse…
Aos poucos, as verdadeiras razões que conduziram um politico medíocre como o ex-camarada Abel a Bruxelas, estão a vir à superfície.
Não obstante ter sido uma terceira escolha proveniente do refugo de uma certa direita europeia, alguém aproveitou para lhe pagar a factura das Lajes.
O que admira, ou talvez não, é a cumplicidade obscena dos Amados (salvo seja) deste país.
jrd
Anónimo disse…
É "matéria" tão evidente que só nega,e protela o seu esclarecimento, quem está ou esteve conivente; acho eu.
A VERDADE sempre foi dolorosa, mas há que fazer dela um "motor" para uma sociedade melhor, e de molde a que a hipocrisia não continue a reinar.
Anónimo disse…
é-pá:
dado o interesse habitual dos seus têxtos, estou a estranhar o que diz: «Se se...terei vergonha neste senhor».
Estranho que pessoas lúcidas, perante um percurso que vem dos assaltos na faculdade, à forma como se fisgou do governo, precisem de mais provas.
Um artista.
BM
Anónimo disse…
Agora vocês todos viraram defensores de radicalistas islâmicos, terroristas da Al Qaedda e talibans do Afeganistão. Os que matam à bomba, indiscriminadamente mulheres e crianças. É essa gente que vocês defendem. Porque tudo serve para denegrir, para dizer mal, para apoucar. No fundo o vosso mal é de inveja. Não toleram que um nosso compatriota tenha chegado onde chegou.
Sou pacífico por natureza, mas realmente não sei como reagiria se alguma vez tivesse que vos dar a lição de vida que precisam. Realmente não sei. Porque não posso tolerar a vossa cobardia endémica e parasitária. E sómente por uma única razão: tais atitudes põem em causa a minha segurança e a de todos nós.
Tal como antes da queda do muro de Berlim os comunistas deste lado nunca quiseram ir para a URSS, vocês falam de justiça e direitos humanos porque estão bem sentados na poltrona da segurança ocidental. Made in USA, para quem não sabe.
Anónimo disse…
Anonymous Qua Jan 17, 11:23:05 PM:

Quem não defende os Direitos Humanos não defende a democracia, defende os seus interesses.

De todos os comentadores deste post é o único anónimo.

Ninguém apoia o terrorismo, mas podia verificar que foram os mentirosos que deram força ao terrorismo e transformaram Saddam num mártir quando era um ditador vulgar.

Mas, no tempo de Saddam ainda havia judeius e cristãos a viver no Iraque (um era ministro) e uma comunidade católica.

E agora?

Agradeça a Bush, Blair, Aznar, Barroso e outros biltres.
Anónimo disse…
Sobre os voos da CIa, hoje, o min. Luís Amado declarou à RR, o seguinte:
"os voos em questão, são voos militares para a Base Militar de Guantanamo, ao abrigo da Operação Enduring Freedom, que tem mandato das Nações Unidas e da NATO”.
Questionado pela jornalista Susana Martins, o ministro dos Negócios Estrangeiros sublinhou tratar-se voos “autorizados na base de uma autorização genérica para uma operação militar”.

Perante a impossibildade de esconder a evidência começou a chicana política!
Temos, assim, o despudor de um ministro que nos vem agora dizer que os voos da CIA carregados de prisioneiros que circularam pelo nosso espaço aéreo e utilizaram os nossos aeroportos, são "voos militares" enquadráveis numa autorização "genérica"... Logo, as Forças militares americanas são, constituidas pelo Exército, a Marinha, a Força Aerea e... a CIA. Os serviços secretos americanos não existem.
Bem, à frente. Os voos ao serviço da CIA, circulavam de algures para a base "MILITAR" de Guantanamo.
Eu, um vulgar cidadão, tenho conhecimento que desde o dia 11 de Janeiro de 2002, esta base foi transformada de acordo com as ordens da dupla GW Bush/Donald Rumsfeld num CAMPO DE PRISIONEIROS. Uma base com efectivos de 500 militares que hoje tem 8000. Segundo fontes norte-americanas para além dos pessoal militar e membros de suas famílias, acrescem 2.000 funcionários "terceirizados", isto é, agentes da CIA e, falta acrescentar, uma mão cheia (actualmente 396) de "homens" algemados, vestidos com macacões laranjas, também conhecidos por prisioneiros. O sr. ministro não sabia disto!
O sr. ministro não teve tempo para ler o Relatório apresentado pela Comissão dos Direitos Humanos da ONU, em 16/02/2006 (Genebra) onde se afirma que, sobretudo no referente ao tempo de detenção e ao isolamento, as “condições gerais de detenção” na prisão de Guantânamo constituem indiscutivelmente um tratamento “desumano”. Os cinco especialistas responsáveis pelo relatório assinalam que, em “certos casos”, o tratamento ministrado aos detidos “assemelham-se” a torturas. Recomendam ainda o encerramento da prisão onde se aplicam “técnicas especiais de interrogatório” decididas unilateralmente pelo Sr. Bush ao arrepio das convenções e da legislação internacional. Pedem ainda o julgamento imediato dos cerca de 500 prisioneiros a maioria deles com mais de 4 anos de detenção...sem acusação formada.
Nada disto conta para o ministro. Guantanamo continua a ser uma base militar...
A citada "Operation Enduring Freedom", sancionada pelas Nações Unidas e comandada pelos Estados Unidos com tropas internacionais, foi concebida como uma operação contra as milícias do regime talibã e contra a organização terrorista Al Qaeda. Portanto, os voos em trânsito por Portugal teriam de ser militares e ter origem ou destino em Cabul. Sabemos, existem já dados concretos, de que não foi assim. A "Operation Enduring Freedom", criada no quadro restrito da guerra do Afeganistão, sob os auspícios da ONU, servirá assim para todas as tropelias e devaneios anti-terroristas do sr. Bush. Depois, por conveniência táctica, foi endossada para a responsabilidade da NATO. Agora, à falta de melhor, serve ao min. Luís Amado... para resguardar-se, ilibar o actual Governo e espaldar os governos anteriores do PSD/CDS (Durão Barroso/Santana Lopes).

A ideia será:
os portugueses "comem" tudo.
O Parlamento Europeu, logo veremos...

Ah! estava a esquecer-me de um inolvidável personagem - o José Lello.
DE CORPO E ALMA disse…
Continuo sem compreender porque este governo teima em não falar do assunto. Entendo que os anteriores governantes tenham o rabinho preso, mas a experiência devia dizer-lhes que um dia tudo virá à luz do dia. Vai ser mais a montanha a parir um rato, pois a polémica tem todos os ingredientes de que vai acabar em nada.
Anónimo disse…
Sejamos práticos.
Para o CE qualquer ditadura é boa. O Saddam até tinha ministros católicos (?!!!) COM GEITO AINDA ENCONTRA MUITAS COISAS ALTAMENTE POSITIVAS NA DITADURA SALAZARISTA.
É só uma questão de tempo...
Quanto aos voos é tudo treta. Os USA fazem o que querem e lhes apetece, façamos nós - europeus - o que fizermos.
Iamos às Lajes fiscalizar o quê, para quê, com que meios ou com que legitimidade.
E quanto aos iluminados europeus do PE, vão fazer o quê com esta história para além de darem tiros nos pés? Ainda não vi ninguém pedir a imediata libertação dos detidos ou oferecerem-se para lhes dar guarida, que isso suponho que até os americanos agradeciam. Está lá frio. Palrar e mais palrar é o que todos fazem.
Ainda em tempo: Claro que os presos foram transportados para Guantanamo em aviões que tiveram de fazer escalas como é óbvio. E foi nos Açores que é para isso que lá está a base. Ou se tivesse sido em Marrocos ou nas Canárias já não havia problema?
Já agora, ainda não ouvi nenhum ex-combatente do Ultramar, depois de 30 anos de democracia, falar em combatentes pela liberdade. Falam de "turras" que foi o que enfrentaram. O resto, por muitos pruridos que provoque é tudo treta. Há à nossa volta um mundo "cão" que não se compadece com as nossaslamúrias e não há volta a dar.
Anónimo disse…
Anónimo:

Uma vez que usa a linguagem fascista de chamar «turras» aos soldados da FRELIMMO e do MPLA, que me acusa de defender ditaduras e que mostra não ter o mínimo amor à democracia, não vejo interesse em continuar a conversa com um anónimo.

Ainda por cima defende a guerra colonial.
Anónimo disse…
CE:
Não fuja nem se esconda atrás de clichés fáceis e comuns.
O debate de ideias é assim mesmo. De outro modo eramos todos iguais e isso é um facto comprovadamente falso.
Mas você pretende que toda a gente pense da mesma forma. Ou seja não respeita opiniões que o contrariem e isso não é sério.
Quanto ao "anónimo" fazia alguma diferença se me identificasse? Porventura era uma surpresa, mas como não ando aqui à procura de promoção pessoal, fico-me "anónimo" que é a forma mais honesta de participar no blog.
Anónimo disse…
Anónimo:

Eu também andei na guerra colonial.

sabe dos soldados inimigos que a PIDE assassinou?

Sabe das torturas praticadas por militares portugueses?

Nunca viu porta-chaves com orelhas e falangetas humanas?

É esse horror que eu não tenho querido recordar.

Quanto a ditaduras, eu bati-me contra o salazarismo. Se frequenta o Ponte Europa sabe como sou moderado e defendo os regimes pluralistas combatendo as verdades únicas.

«Quem faz o que pode, faz o que deve» (Miguel Torga)
Anónimo disse…
Iraque: Tareq Aziz pede asilo a Itália e Vaticano
Portugal Diário - Lisboa,Portugal
Nas cartas, Aziz pede em inglês que o Governo italiano eo Vaticano apoiem o seu desejo de sair em liberdade e a obtenção de asilo político em Itália, ...
Anónimo disse…
Anónimo Qui Jan 18, 12:20:35 AM

"Sejamos práticos."...

Em questões de Direitos Humanos nunca! Neste âmbito devemos ser inflexíveis.
A experiência histórica demonstra-nos que qualquer cedência, qualquer desleixo, qualquer afrouxar da vigilância é sempre o começo do cerceamento das liberdades fundamentais. Estas, para mim, na hierarquia dos valores humanos, estão no topo. Mais do que um valor é uma exigência democrática.
Não entendo argumentações que, na "prática", se traduzam em constrangimentos das liberdades (individuais, colectivas, sociais, culturais). Por isso manifesto-me, indignadamente, contra conceitos como o que exprime: "Sejamos práticos". E como sabe, neste momento, a grande "argumentação" é a luta contra o terrorismo.
Se para lutarmos contra o terrorismo necessitarmos de mexer no quadro das liberdades, na minha opinião, haverá uma imperiosa obrigação de repensar ou modificar as estratégias. Senão os resultados, sejam eles quais forem, serão sempre um implacável derrota para os homens livres. Pensar que as restrições, as graves limitações ao exercício dessas liberdades não nos atingem, são para os "outros", é abrir caminho à tirania, à discricionalidade, à "desumanização".

Estas são as questões de princípio.
Por isso, se não exigirmos o cumprimento das convenções e das leis internacionais na questão dos voos da CIA traficando prisioneiros e o fim imediato do Campo prisional de Guantamano, ficaremos todos prisioneiros da infâmia e diminuídos nas nossas liberdades.
Não gosto de ser prisioneiro e rejeito ficar diminuído nas minhas liberdades. Os negócios políticos internacionais não podem tocar nestes valores. Quem o tentar - seja o presidente da CE, o presidente dos EUA, ou outro - terá de responder por isso. Não perante mim mas perante o Mundo. Em rigor, são crimes contra a Humanidade.

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