Um dos homens que em Portugal sabe desta ‘poda’ (financeira), isto é, das suas ' maningâncias ' assente num saber camoniano (de 'experiência feito') é João Rendeiro (de sua graça) que resolveu produzir sobre o ‘caso GES/BES’, em desenvolvimento, algumas afirmações deveras preocupantes. Trata-se de um expert que sendo, neste momento, um dos principais arguidos no processo BPP ostenta publicamente o ‘ savoire faire ’ relativo a estas coisas e é tido pelos ‘ mercados ’ como um analista qualificado (que terá apreendido com o ‘desastre BPP’). Este ex-banqueiro (actualmente está inibido de exercer essa ‘profissão’) que virou comentador económico-financeiro na blogosfera ( link ; link ) admite que o impacto na economia gerado pela ‘crise GES/BES e associados’ poderá ser quantificado numa queda do PIB que atingirá 7,6% link . Até aqui as preocupações políticas (do Governo e dos partidos) têm-se centrado sobre quem vai pagar a falência do Grupo (BES incluído) e as c
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1.) O seu inicial envolvimento com a FRETILIN nos anos de 75;
2.) a participação na declaração unilateral de independência (República Democrática de Timor-Leste);
3.) a impotência da invasão de Timor pela Indonésia (9 dias depois);
4.) a assumpção do cargo líder da resistência maubere à ocupação;
5.) a profícua actividade diplomática, a partir das dificeis condições da montanha, no massacre do cemitério de Sta Cruz;
6.) a sua prisão em 1992
7.) o seu julgamento na Indonésia, sem direito a defesa;
8.) à sua condenação a prisão perpétua;
9.) a realização do referendo de 30 de Agosto 1999;
10.) a opção livre e esmagadora, nesse referendo, do povo timorense pela independência;
11.) os tempos do “terror indonésio” que se seguiram ao referendo;
12.) a sua libertação, em 1999, da prisão de Cipinang (Jacarta), sob a pressão diplomática internacional;
13.) o seu regresso a Timor;
14.) a liderança de uma campanha de reconciliação e reconstrução;
15.) a governação, em parceria; com a administração local da ONU;
16.) a emergência como líder incontestado da nova nação;
17.) a sua eleição, em Abril 2002, com expressiva margem de votos, como presidente de Timor-Leste;
18.) a independência formal de Timor em Maio 2002;
19.) a vitória da FRETILIN nas eleições legislativas e constituintes;
20.) a formação de um governo presidido por Mari Alkatiri;
21.) uma acentuada viragem política e ao surgimento de crescentes dificuldades de relacionamento institucional;
22.) a ruptura definitiva, em 2006, com o governo de Alkatiri, provocando a sua demissão;
….
Há um longo, riquíssimo, e algo misterioso, percurso. Esteve presente, e influenciou, todas estas etapas. A sua crise com a FRETILIN é pública e notória, desde 2002, quando teve necessidade de afirmar, acusando: “perdemos a noção da nação porque nos agarramos ao sentido dos interesses partidários”.
Mas, todavia, a sua dissidência é muito mais longínqua. Começa na resistência, em 1987-88, como comandante chefe das FALINTIL, onde escreve num relatório extremamente crítico para coma a direcção política (FRETILIN): “Doze anos depois, temos que reconhecer com amargura os efeitos que uma estratégia política mal traçada proporcionou ao Povo Maubere e o levou desastrosa situação a que ainda ninguém conseguiu pôr fim! “
A actual crise, com a FRETILIN, persiste. A recente ilibação de Mari Alkatiri, pelo MP timorense, fragiliza-o. A intenção de Mari Alkatiri disputar as próximas eleições para a presidência agrava o “clima” político timorense. Não agrada aos australianos, nem à influente (politicamente) Igreja Católica. Para Xanana é uma provocação (política). A saída que privilegia é abandonar o cargo de presidente da República (já o tinha feito em outras crises). Pelo curto caminho que lhe resta, optou por enveredar nas infindáveis malhas da intriga que pululam em Timor. É o que, infelizmente, representa a audição de Rai Los, à frente de manifestantes contra a descriminilização judicial de Alkatiri. Depois da intromissão no poder executivo vai ser provocado para interferir no poder judicial.
Esperemos, em nome de um brilhante trajecto de luta e acção política que resista a esta tentação. Merece, de facto, com este invejável curriculum, sair pela porta grande... e ser objecto do reconhecimento de todos os mauberes. Merece-o!
Lá me vou arriscar a mais uma "inferência" (como gosta de lhe chamar).
- Não me diga que é Bento XVI...