O preço dos nossos erros


De Ovar à Caparica a fúria do mar deixa em pânico os moradores das casas ribeirinhas e semeia a ansiedade em muitos lares. Uns são pescadores que se habituaram a viver com o mar que lhe dá o sustento e lhes serve, às vezes, de túmulo, outros, são privilegiados a quem a fortuna sorriu e o dinheiro tudo paga.

Não conheço o mar e os seus caprichos, a previsibilidade das suas fúrias, a transgressão humana, mas adivinho a leviandade dos planos directores, a avidez dos empreiteiros e a vaidade de muitos proprietários que sacrificam à ostentação da riqueza recente a antiga solidez das dunas.

Há pouco, ouvi a notícia de que quatro mil casas, entre Esmoriz e Vagueira, estavam em perigo. É muita casa para tão curta linha de costa. Não há meios humanos e financeiros para erguer diques que se oponham ao que a natureza sabia fazer. Não é o mar que nos engole, é o País que se dissolve na incúria, corrupção e atrevimento.

Não precisámos que as alterações climáticas viessem despertar-nos do nosso desmazelo. Não vamos longe, afogamo-nos já.

Apostilas:
Noite de medo em Esmoriz

Comentários

Anónimo disse…
Algures no cimo de uma qualquer falésia, a contemplar a "obra", está um burgesso sentado num Audi topo de gama, com um sorriso alarve, um rolex no pulso e um saco de cimento no porta bagagens.
Anónimo disse…
Os culpados são as entidades públicas que vão permitindo a construção, perto do mar...há aberrações incríveis, em Ofir, Esmoriz, Costa da Caparica e no Algarve.

O remédio é a demolição, contra o mar, nada a fazer, a força da natureza é implacável.

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