A golpada do Opus Dei
A vitória irrefutável do SIM no último referendo reduziu os vencedores à contemplação e desviou os vencidos para batalhas seculares, como se tivessem mudado de campo uns e outros e a sorte se pudesse inverter agora na secretaria, em sede parlamentar.
Não sei donde vem tanto dinheiro aos últimos para, antes de removerem os fetos dos cruzamentos das estradas, já estarem a querer subverter a lei que regulará a IVG até às dez semanas e a prosseguir com a dispendiosa campanha.
A pergunta era clara e não acrescentava: «depois de ouvir os conselhos da comissão de ética, ser esclarecida por um objector de consciência e aguardar a visita do capelão».
Os bispos atestam que os seus valores estão com baixa cotação, mas os manipuladores do NÃO invocam agora o carácter não vinculativo do referendo, como se o anterior o tivesse sido e apelam à «moderação da lei».
Não sei o que seria uma lei extremista, certamente a que tornasse obrigatório o aborto, crime que só tem precedentes na China e na Índia, mas sei o que pensam aqueles que perderam, o que defendem os exaltados extremistas Gentil Martins, Bagão Félix e César das Neves e o que pretende a poderosa seita «Opus Dei».
Talvez os leitores não saibam que as «Comissões de Ética» hospitalares estão nas mãos de activistas católicos e integram inevitavelmente o capelão – anacronismo que persiste ao arrepio da separação da Igreja e do Estado.
Estas comissões de ética têm sido um obstáculo à IVG em situações contempladas na lei (violação, risco de vida da mãe e violação). Casos dramáticos chegaram ao parto graças à insensibilidade e ao exacerbado proselitismo das referidas comissões.
É com gente assim que se pode desvirtuar o direito à IVG, solicitado pela mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimentos de saúde legalmente autorizados.
O julgamento dos tribunais judiciais não pode ser transferido para tribunais morais. O único tribunal é a consciência da mulher que toma a decisão. Foi esse o resultado do referendo.
Não sei donde vem tanto dinheiro aos últimos para, antes de removerem os fetos dos cruzamentos das estradas, já estarem a querer subverter a lei que regulará a IVG até às dez semanas e a prosseguir com a dispendiosa campanha.
A pergunta era clara e não acrescentava: «depois de ouvir os conselhos da comissão de ética, ser esclarecida por um objector de consciência e aguardar a visita do capelão».
Os bispos atestam que os seus valores estão com baixa cotação, mas os manipuladores do NÃO invocam agora o carácter não vinculativo do referendo, como se o anterior o tivesse sido e apelam à «moderação da lei».
Não sei o que seria uma lei extremista, certamente a que tornasse obrigatório o aborto, crime que só tem precedentes na China e na Índia, mas sei o que pensam aqueles que perderam, o que defendem os exaltados extremistas Gentil Martins, Bagão Félix e César das Neves e o que pretende a poderosa seita «Opus Dei».
Talvez os leitores não saibam que as «Comissões de Ética» hospitalares estão nas mãos de activistas católicos e integram inevitavelmente o capelão – anacronismo que persiste ao arrepio da separação da Igreja e do Estado.
Estas comissões de ética têm sido um obstáculo à IVG em situações contempladas na lei (violação, risco de vida da mãe e violação). Casos dramáticos chegaram ao parto graças à insensibilidade e ao exacerbado proselitismo das referidas comissões.
É com gente assim que se pode desvirtuar o direito à IVG, solicitado pela mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimentos de saúde legalmente autorizados.
O julgamento dos tribunais judiciais não pode ser transferido para tribunais morais. O único tribunal é a consciência da mulher que toma a decisão. Foi esse o resultado do referendo.
Comentários
Esperemos que o Parlamento e o Governo não transformem agora o SIM em Não. O Estado Laico e de Direito não pode pactuar com pressões vindas da Igreja...para mais de uma Igreja ultramontana que não quer entender os novos tempos da supremacia da liberdade de consciência dos cidadãos.
Não podemos permitir o regresso ao dogmatismo religioso, que tanto custou combater!
Mas, se olharmos para o panorama e para a história, as esperanças são débeis.
Vejam só a enorme generosidade.
Essa generosidade, essa abnegação, deveria ser respeitada e não vilipendiada.
Esperemos pois que, após a vitória do Sim, a vontade popular seja respeitada e o processo não venha a ser entupido.
Para isso, será fundamental que o Partido que sustenta o Governo consiga ter mão nos especialistas em “prestidigitação” que por lá pululam e impedi-los de interferir no novo texto legal de tal modo, que as suas disposições se anulem umas às outras.
Se assim for, bem podem os bispos alimentar movimentações de eventual desobediência civil e os médicos alegar razões de consciência para, das mais variadas maneiras, ladear a lei, que a despenalização da IVG será mesmo irreversível.
Mais, as palavras consentimento também figuram no vocabulário do bacoco intelectual de esquerda.
Gosta de se afirmar como protector do povo ('este ser inferior que precisa de ser guiado') e se a sua opinião é diferente é porque o povo é ignorante coitadinho.
Mas aqui o unico parvo é o dito intelectual de esquerda, neste caso o C.Esperança
chicomartins
chicomartins
Resposta: Registo a facilidade com que um católico chama parvo a quem não conhece só por pensar de forma diferente.
Todavia, devo reconhecer que, desde o tempo em que queimavam os hereges até à actualidade, percorreram um longo caminho.
Antes ser insultado do que queimado vivo. E a história diz-nos do que alguns fanáticos são capazes.
«(...)Certamente haverá menos crianças abandonadas, menos deficientes, menos criminosos. Só mais cadáveres pequeninos (...)
Haverá menos crianças a correr nos bairros de lata; menos crianças a correr nos infantários. Haverá menos crianças em todo o lado. Haverá menos portugueses. O que aumentará é o número de gravidezes indesejadas. Iremos ver bem quão elástico é o conceito de "indesejado"(...)»
Apenas se esqueceu de referir que haverá menos crianças para satisfazer a lubricidade aberrante de vários membros da Igreja da sua devoção.
Inqualificável! O sujeito é mesmo um pirómano, uma tocha sinistra, a sua prosa é tão tortuosa e incandescente que queima.
"Cidadão enojado"
Dirigindo-se, certamente, aos seus correlegionários do NÃO, procura reconfortá-los com uma homília que mais parece saída da Idade Média: "O cristianismo é a religião da cruz e dos mártires. O seu Deus foi flagelado, coroado de espinhos, pendurado num madeiro até morrer. A fé cristã é o reino dos pobres e dos humildes. (...) Certos da ressurreição e com os olhos fixos no Céu, os cristãos esperam contra toda a esperança. É só por isso que o sangue de mártires é semente de cristãos". Não! Basta de falsos cristãos! Eu assumo-me como católico. O meu Deus é o Deus do Amor, da Paz, da Justiça, da Liberdade de consciência, da Dignidade. Se a fé cristã é o reino dos pobres e dos humildes, porquê não dá ele o exemplo? O meu catolicismo é o de Frei Bento Domingues e do Padre Anselmo Borges. Chega de trevas!