Resistentes antifascistas contra Museu Salazar

União de Resistentes Antifascistas Portugueses está a organizar uma sessão pública e um abaixo-assinado de protesto contra iniciativa da câmara.

Não acredito que o presidente da Câmara de Santa Comba Dão seja um empedernido fascista nostálgico de Salazar. É mais crível que a falta de cultura cívica e a ignorância política o arrastem para um acto indigno numa democracia que nasceu contra o ditador e tudo o que ele representou.

Ninguém, em Ferrol del Caudillo, se atreveu a criar um museu Franco, nem com Fraga Iribarne que foi seu ministro e acabou presidenta da Galiza. Ninguém imagina o Chile a criar um museu a Pinochet ou a Itália a Mussolini.

João Lourenço, presidente da Câmara (PSD/CDS-PP), graças à democracia criada sobre os escombros da mais longa e sorumbática ditadura europeia, deve respeito aos mortos da guerra colonial que o ditador sustentou, aos democratas assassinados pela PIDE, aos torturados a mando do biltre, aos degredados do Tarrafal, aos presos de Peniche, Caxias e Aljube, aos oposicionistas demitidos da função pública, aos famintos que fugiram para França e a todos os que sofreram um regime de opressão e miséria.

Salazar, o criminoso que não julgámos em vida, não pode ser o algoz que o Sr. José Lourenço quer homenagear morto.

Se falta memória ao rústico edil, não pode faltar ao povo que somos, à democracia que temos e ao País que construímos contra o medo, as perseguições, o exílio e a guerra.

Um museu e/ou uma estátua ao facínora que nos oprimiu é um gesto de provocação que legitima a cólera dos justos, a violência dos democratas e a retaliação das vítimas.

Num país reconciliado pela liberdade não podemos consentir que a paz seja perturbada por um desafio injusto e gratuito, por um edil sem memória nem ética republicana.

Comentários

José Moinho disse…
Salazar? Mas se agora não temos fascismo temos uma versão moderna - o fachadismo.(manifestoliberista.blogspot.com).
Através do controle exercido sobre os media e sobre os centros de produção do saber, conseguiu a moderna censura eliminar das reflexões as questões mais estruturais. A moderna censura actua de forma singela, através do medo de colocar questões que possam desagradar aos poderosos, questões que possam ser consideradas utópicas e questões que estejam historicamente conotadas com radicalismos mesmo que se apresentam com conteúdos absolutamente distintos. Já não se trata do medo de ser preso e torturado mas do medo de ser despedido, do medo de perder o comboio da carreira profissional e ficar fragilizado e descartável, do medo de ficar excluído da sociedade, em suma, do medo da fome, do medo do ostracismo, do medo da doença que, já hoje, só muito dinheiro e influência pode tratar.
Eis algumas dessas questões, para as quais existem muitas respostas mas que foram tão fortemente censuradas que já até a existência destas questões é ignorada pela generalidade dos cidadãos.

1. Sistema político
Como conseguir que os cidadãos analisem a qualidade de cada política ministerial, apesar da crescente complexidade da gestão das sociedades modernas? Como estatuir a possibilidade de grupos abertos de cidadãos analisarem e decidirem sobre cada tema, em substituição das eleições de massa, nas quais todos votam em tudo sem nada saberem efectivamente? Como conseguir que as metas dos governos sejam avaliáveis objectivamente e transpostas num só indicador composto? Como estatuir orgãos governativos com mandatos de longo prazo e com compensações para os seus membros em função da evolução dos indicadores compostos que proponham?

2. Mass media e direito à informação plural
Como conseguir que todas as perspectivas contrárias, sobre um dado tema, cheguem ao conhecimento dos cidadãos, mesmo aquelas que são perspectivas muito minoritárias? Como equilibrar a previsível parcialidade de órgãos de comunicação detidos por grandes poderes económicos, com outras fontes informativas? Como evitar a passagem disfarçada de posições políticas e ideológicas em peças informativas e recreativas? Que direito têm todas as forças políticas de se pronunciarem criticamente sobre cada peça mediática e como isso pode ser incluído nas peças mediáticas? Pode a publicidade comercial, veiculando propaganda a estilos de vida, ser substituída por informação comparativa, acessível mas não intrusiva? Que necessidade de que um observatório do pluralismo analise o pluralismo com que são tratados temas fundamentais nos media?

3. Capitais Públicos
Sem capitais públicos rentabilizando-se no mercado como assegurar o financiamento do Estado Social? Será viável impor impostos a empresas internacionais com facilidade de se deslocalizarem e negociarem condições directamente com os diversos Estados? Podem as PME suportar os custos do Estado Social, através dos seus impostos, apesar de sofrerem a concorrência com as grandes empresas internacionais, bem como com PME´s de países sem Estado Social? Como assegurar um ritmo de desenvolvimento elevado sem um conjunto de empresas públicas, em livre mercado, mantendo um elevado ritmo de investimento? Como evitar os monopólios de informação a não ser com empresas públicas de vulgarização e demonstração?

4. Valores e projectos sociais
Como contribuir para a profunda adesão emocional a valores éticos de paz, bem estar pessoal e cooperação, que não sejam um incentivo ao imobilismo social? Como avaliar e contrabalançar a exibição de violência e a promoção do consumo, ecológica e socialmente insustentável? Qual o papel dos projectos comunitários altruístas e do voluntariado no desenvolvimento da compreensão ética? Como, dentro de cada organização, conciliar a eficiência e competição com o desenvolvimento da ética e da cooperação?

Esta são algumas de entre dezenas de questões fundamentais ostracizadas pelo fachadismo moderno. Até quando o império do medo?
José Moinho
Manifestoliberista.blogspot.com
Anónimo disse…
Será que a iniciativa do gerente da edilidade de Sta. Comba de erigir uma estátua do manholas, se enquadra numa operação mais vasta de branqueamento do velho abutre fascista, que vem sendo urdida pelo que resta da inteligenzia regime?
Se assim for, já estou a ver os preopinantes do costume a ocupar lugar destacado na comissão de honra:
O Nogueira Pinto a fazer-lhe o panegírico, o A. J. Saraiva a debitar sobre os fontanários, a Rita Ferro a recordar o SNI e o papel do seu (dela) progenitor, O cavaleiro Artur Agostinho a repetir os relatos das manifestações de desagravo ao estatuado, etc..
Só espero que apareça alguém a organizar excursões, para a malta poder lá ir cuspir, pisar e pôr farpas...

"Excursionista"
Vítor Ramalho disse…
Podem lutar, mas a vit´ria é nossa.
Para Santa Comba Dão, já e em força.
Anónimo disse…
Santa Comba Dão não se honra de ter semelhante filho desnaturado. Só se compreende um museu se for um museu dos crimes do fascismo.
Anónimo disse…
Tenha atenção aos factos:

"http://www.thisistravel.co.uk/travel/news/Italy-unveils-new-Mussolinimuseum-article.html?in_article_id=44623"

Museu Mussolini.
Anónimo disse…
Um povo triste e sem memória;
uma tropilha de canalhas com algum poder de decisão;
temos estátua por certo!
Isto se não tivermos também o mesmo sacripanta promovido a 'melhor português de sempre'!
Triste sina, triste fado!

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