«Charlie Hebdo» em tribunal

Em nome da liberdade de expressão, manifesto, por pouco que valha, a minha inteira solidariedade ao jornal satírico que ontem começou a ser julgado em Paris, acusado de «injúria» ao Islão.

Se há injúria é no comportamento de islamistas que, em nome da fé, perpetram actos de terrorismo, querem converter o mundo a princípios anacrónicos, discrimina as mulheres, decapitam infiéis e impõem regimes totalitários, sem respeito pela separação da Igreja e do Estado.

Julgar os que têm a coragem de denunciar e ridicularizar princípios racistas, xenófobos e misóginos, é vigiar a liberdade, enfraquecer a democracia e pôr em causa conquistas civilizacionais.

As alegadas ofensas à fé não são mais, em qualquer religião, do que uma forma velada de censura, uma ameaça ao livre-pensamento, a imposição de valores particulares a toda a sociedade.

Que sucederia se o Estado tivesse de dirimir confrontos entre os que se dizem ofendidos por aqueles que acusam Estaline, Hitler, Pinochet, Salazar Franco, Mussolini ou Pol Pot e os que acusam estas figuras de sinistras e criminosos?

A censura é a arma dos intolerantes contra os defensores da liberdade. A União das Organizações Islâmicas de França e a Grande Mesquita não podem obter num país livre uma vitória da fé contra a liberdade.

PE/Diário Ateísta

Comentários

e-pá! disse…
A situação relativa ao presente julgamento "Charlie Hebdo" só pode merecer o apoio das pessoas que defendem a liberdade de expressão e da imprensa. Estamos no domínio dos princípios. Não pode haver hesitações.

Tenho esperança que os acusadores - União das Organizações Islâmicas de França (UOIF) - deste semanário satírico acabem por "passar um mau bocado" neste julgamento. É que, neste processo, estão a ser julgados valores fundamentais da nossa cultura democrática.

Todavia, por cá (na Europa), também se podem cometer erros. Philippe Val, director do semanário, questionou ironicamente no seu jornal:
"Se não podemos rir-nos dos terroristas, o que é que nos fica?".
Contudo, o riso pode matar.

O erro, para mim, é a possibilidade, das caricaturas publicadas, levarem os leitores a inferir uma correlação directa e "exclusiva" entre muçulmanos e terroristas.
O que, não sendo, de modo algum, crime é, contudo, inexacto.
Anónimo disse…
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse…
Caro leitor:

Pode contar anedotas no «Espaço dos leitores». Respeite o assunto do post.

É a liberdade que está em causa.
Mano 69 disse…
No país da liberdade, igualdade e fraternidade eles não tem, a miníma, hipótese.

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