ECONOMIAS DE ESCALA E SAÚDE
O México é um País com um sistema industrial grotesco, fustigado por um governo corrupto e, na prática, vítima da inexistência de um sistema de saúde pública, que mereça esse nome.
Tal como a crise económica, a gripe A H1N1, é uma calamidade que resulta de uma previsível e incauta acção humana e da ausência total de mecanismos de regulação do mercado.
Situação que - em concomitância e em consonância com os esforços da OMS para controlar a epidemia - deve ser radicalmente mudada.
No México, todo o processo de produção pecuária, nomeadamente, na vertente porcina, é um exemplo de um carrossel de graves atropelos às mais rudimentares medidas de higieno-sanitárias.
O processo de produção na suinicultura começa pela inseminação artificial. Este método estreita a variabilidade genética dos animais, fragiliza as características imunitárias. Para mantê-los em cativeiro, em espaços restritos e confinados, torna-se necessário a administração de suplementos hormonais (hormonas de crescimento), de antibióticos, de estimulantes do apetite (uma engorda rápida é compensadora economicamente).
Esta manutenção em cativeiro tem consequências. Estes animais têm um aumento ponderal muito mais rápido do que se vivessem em ganadarias extensivas. A concentração de milhares animais em espaços confinados e de reduzida dimensão facilita o intercâmbio de material viral (e outras zoonoses) nos residentes nestas pocilgas.
Estes espaços de produção animal estão regulamentados, inclusive no México. Ninguém cumpre estas regras.
A suinicultura enfeudou-se às economias de escala. As consequências em matéria de Saúde Pública começaram a aparecer. Uma delas é a gripe A H1N1. Haverá outras.
Em matéria ambiental, esta concentração produtiva é extremamente deletéria para o Mundo Rural, já que modifica as características da produção campesina, isto é, uma produção em pequena e média escala, utilizando amplos espaços campestres para o pastoreio e para uma ampla e controlada circulação destes animais.
A produção intensiva de carnes começa a levantar os seus problemas e a obrigar a medidas de emergência sanitárias (médicas e veterinárias).
O consumo de carne suína não deve ser atingido já que, em si, não provoca riscos aumentados de transmissão da gripe A H1N1.
Ninguém quer prejudicar a indústria pecuária mexicana.
O que teremos de fazer é exigir que a produção industrial agro-pecuária seja regulada e inspeccionada. Nomeadamente, os métodos de produção de escala, intensivos, onde começam a surgir problemas graves.
Todos nós já aprendemos – à nossa custa – que o sagrado "mercado livre" não funciona. Precisa de regulação e de fiscalização.
O que – estou em crer - se passará a aplicar na área financeira, para evitar crises económicas e sociais, endémicas, deverá, também, englobar a produção industrial, nomeadamente, no grande e estratégico sector alimentar.
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