Fátima - 13 de Maio
Nascida para lutar contra a República e transformada em arma de arremesso contra o comunismo, Fátima mantém-se como símbolo da crendice popular e caixa de esmolas que sustenta a máquina eclesiástica.
Os ateus são sensíveis ao sofrimento humano, às manifestações de aflição, ao desespero e aos dramas individuais que exoneram a razão dos comportamentos. Já não podem ter a mesma benevolência para quem convence os crentes do gozo divino com as chagas nos joelhos e as maratonas pedestres ou com a oferta de objectos de ouro que atravessaram gerações na mesma família para acabarem no cofre forte da agiotagem mística.
Os alegados milagres das cambalhotas solares, das deambulações campestres da virgem e da aterragem de um anjo não foram originais nem exclusivas da Cova da Iria. Foram tentados em outras latitudes e repetidos em versões diferentes até atingirem a velocidade de cruzeiro da devoção popular e o pico da fama que tornou rentável a exploração.
Há um ano o cardeal Saraiva Martins, um clérigo atrofiado por longos anos de Vaticano, dedicado à investigação de milagres e à pesquisa da santidade, presidiu à peregrinação... contra o ateísmo. Podia ser a favor da fé, mas o gosto do conflito levou a Igreja a deixar cair a máscara da paz e a seguir o carácter belicista que carrega no código genético.
Há militares que regressaram há mais de quarenta anos da guerra colonial e que, ainda hoje, vão a Fátima agradecer o milagre do retorno, milagre que muitos milhares não tiveram, vítimas da civilização cristã e ocidental para cuja defesa o cardeal Cerejeira os conclamava.
Perdido o Império, desmoronado o comunismo, o negócio mudou de rumo e de ramo. É o emprego que se mendiga a troco de cordões de oiro, a saúde que se implora de vela na mão, a cura suplicada com cheiro a incenso e borrifos de água benta. Enquanto houver sofrimento o negócio floresce. Dos bolsos saem os euros dos peregrinos e os olhos dos crentes enchem-se de lágrimas perante a imagem de barro que a coreografia pia carrega de emoção.
Para o ano, no mesmo dia, repete-se a encenação e os corações dos devotos rejubilam com fé na virgem, igual à que os índios devotam às fogueiras para atraírem chuva. Com os joelhos esfolados, os pés doridos e o coração a sangrar.
Os ateus são sensíveis ao sofrimento humano, às manifestações de aflição, ao desespero e aos dramas individuais que exoneram a razão dos comportamentos. Já não podem ter a mesma benevolência para quem convence os crentes do gozo divino com as chagas nos joelhos e as maratonas pedestres ou com a oferta de objectos de ouro que atravessaram gerações na mesma família para acabarem no cofre forte da agiotagem mística.
Os alegados milagres das cambalhotas solares, das deambulações campestres da virgem e da aterragem de um anjo não foram originais nem exclusivas da Cova da Iria. Foram tentados em outras latitudes e repetidos em versões diferentes até atingirem a velocidade de cruzeiro da devoção popular e o pico da fama que tornou rentável a exploração.
Há um ano o cardeal Saraiva Martins, um clérigo atrofiado por longos anos de Vaticano, dedicado à investigação de milagres e à pesquisa da santidade, presidiu à peregrinação... contra o ateísmo. Podia ser a favor da fé, mas o gosto do conflito levou a Igreja a deixar cair a máscara da paz e a seguir o carácter belicista que carrega no código genético.
Há militares que regressaram há mais de quarenta anos da guerra colonial e que, ainda hoje, vão a Fátima agradecer o milagre do retorno, milagre que muitos milhares não tiveram, vítimas da civilização cristã e ocidental para cuja defesa o cardeal Cerejeira os conclamava.
Perdido o Império, desmoronado o comunismo, o negócio mudou de rumo e de ramo. É o emprego que se mendiga a troco de cordões de oiro, a saúde que se implora de vela na mão, a cura suplicada com cheiro a incenso e borrifos de água benta. Enquanto houver sofrimento o negócio floresce. Dos bolsos saem os euros dos peregrinos e os olhos dos crentes enchem-se de lágrimas perante a imagem de barro que a coreografia pia carrega de emoção.
Para o ano, no mesmo dia, repete-se a encenação e os corações dos devotos rejubilam com fé na virgem, igual à que os índios devotam às fogueiras para atraírem chuva. Com os joelhos esfolados, os pés doridos e o coração a sangrar.
Comentários
Portanto, sete anos após a implantação da república os três pastorinhos, perigosos monárquicos encapotados, deram origem a um movimento que visava colocar em causa a senhora do barrete frígio.
Palavra para quê, é um argumento rebuscado tipo CE…
Era preciso ser muito ingénuo para pensar que foram os pastorinhos que inventaram Fátima.
Mas é preciso ser muito depravado para pensar que Jesus apareceu na cela da Lúcia em Tuy.
Nada disso fui eu que inventei.
Não sei se lhe dizem alguma coisa os nomes Galamba, Formigão e Pio XII (este viu o Sol às cambalhotas no Vaticano, à mesma hora de Fátima, sem precisar de confirmar o fuso horário).
Mas não serei eu, Mano 69, que lhe quero tirar a si a felicidade da cura do olho esquerdo de D. Guilhermina de Jesus por S. Pereira nas provas de agregação para santo.
Deixem de pintar a imagem da santa com os melhores vernizes do mercado!!
Deixem a virgem nua sem pintura!
Sim, que o escultor tenha a devida cautela na forma e no feitio para que a mulher não se pareça com um homem, mas pintar a Senhora, não!
Agora, venham as almas desesperadas até ao sopé da santa e notem a falta de habilidade artística do escultor, deixando o barro ao natural!
“Não, essa Nossa Senhora não quero! Pintam-na primeiro, e depois dou-lhe o meu ouro e as minhas velas de metro! Assim, não! Isso não se faz ao penitente: deixar a Senhora nua sem pintura!...”
Moral: o ícone da IDOLATRIA tem que ser pintado, senão não dá lucro!
o poder da fé é extraordinário, um misto de medo, esperança e desespero.
A crise persegue os homens em todos os sítios, sejam peregrinações quase sempre auspiciosas, sejam os locais mais recônditos e recatados.
É que a fé parece confortar alguns espíritos, mas o pilim é indispensável para as coisas essenciais ou mundanas.
E, sendo assim, fica em guarda, num local seguro.
Não peregrina...