O confronto do Outono



As próximas eleições legislativas vão colocar em confronto duas personalidades políticas diametralmente opostas: Manuela Ferreira Leite e José Sócrates. Com dois projectos substancialmente distintos face à crise económico-social.

José Sócrates aposta na intensificação do investimento público para reanimar e estimular a economia e combater o flagelo do desemprego.
Aposta em grandes projectos (TGV, aeroporto e nova ponte sobre o Tejo), o que significa um considerável endividamento público.
Aníbal Cavaco Silva está contra.

Manuela Ferreira Leite acredita que a solução está no apoio às PME’s. É a resposta à progressiva “deslocalização” das grandes empresas que levaram milhares de trabalhadores a perderem o emprego.
As PME’s não tem planos estratégicos para o desenvolvimento do País, não têm um coordenação eficiente e os investimentos aí feitos serão difíceis de controlar e fiscalizar. É o deslizar da regulação dos mercados, para o lado “empreendorismo” amador, onde a gestão é rudimentar e muitas vezes familiar (não qualificada).

Significa, também, o inevitável endividamento do sector financeiro ao exterior que terá, algum dia, de ser saldado. Como?
Cavaco é a favor desta solução!

A escolha será, portanto, entre o endividamento público para reanimar rapidamente a economia e a opção de atirar dinheiro, indiscriminadamente, para cima dos problemas.

O PS não pode fazer inflexões no rumo traçado e concertado com a UE. Não há, a curto prazo, meios-termos. A única coisa que o PS poderá mudar é o “estilo” de governação.

O PSD continuará amarrado à sua tradicional clientela eleitoral. Pugnando por um tecido empresarial pouco eficiente, desorganizado e parasita de benesses do Estado, mas reivindicando uma ampla autonomia e ”liberdade” de actuação e… os baixos salários e a liberalização das leis do trabalho. A "receita" habitual.

Esta é, em súmula, a "escolha" do Outono.

Comentários

E-Pá:

A direita, na sua demagogia, esqueceu-se de dizer aos eleitores que não há pequenas e médias empresas onde não houver grandes empresas.
e-pá! disse…
CE:

De acordo!

Essa é a "política do marasmo", defendida pelo PSD...

Se o Estado não fizer atempadamente os investimentos necessários em infra-estruturas que sirvam a produção, a distribuição e o escoamento dos produtos, nunca terá um "ambiente" favorável ou atractivo à captação, para Portugal, de empresas de grande dimensão.

Apoiar PME's, não tem nada a ver com o tradicional conceito de injectar dinheiro em empresas de pequena ou média dimensão que vivem de sub-contratos. Estas para além de não terem solvência, perderam os mercados. O mercado depois da crise mudou.
As PME's que "merecem" o apoio financeiro - mas não é disso que o PSD fala - são as da área tecnológica sofisticada que, como sabemos, criam reduzidos postos de trabalho, altamente qualificados. Essas PME's investem na investigação e na inovação.
O tecido empresarial português com inumeras PME's é diversificado e importante mas terá que acompanhar as mudanças tecnológicas e os "novos" mercados. Isso exige formação e anos de crescimento. Não são medidas para colmatar esta recessão. São para daqui a largos anos.

Devemos tirar lições dos casos da Quimonda, da Yazaki Saltano e, por exemplo, de toda uma indústria de calçado com excelente qualidade técnica, cujas grandes empresas se desmoronaram, i. e., faliram ou deslocalizaram-se, como a Ecco. Hoje, as pequenas empresas industriais de calçado que fabricavam, sob contrato, gáspeas e procediam aos acabamentos para as grandes empresas, não têm encomendas e fecham as portas.

Ao fim e ao cabo o investimento funciona como a pescadinha de rabo na boca.

O desaparecimento das grandes empresas tornou inviáveis as PME's que trabalhavam na sua órbita.

E, o plano PSD, aposta nesta inevitável "inviabilidade"...
polytikan disse…
querem dar mais um topo de gama, 4x4, aos financiadores do partido.

em contrapartida, o ps quer dar um comboio topo de gama a todos os portugueses.

quem vai ganhar? o transporte individual de luxo para meia dúzia, ou o transporte colectivo de grande qualidade para todos?

PS - dizem por aí que o PR acumula o vencimento de PR com a pensão do Banco de Portugal, a pensão da Universidade, e a pensão de Primeiro-Ministro?
Quem anda a endividar este país?

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