Momento de poesia
Insónia
Fugi espavorido do meu leito
E vim refugiar-me na mudez
Deste cárcere estreito,
Onde me escalpelizo, onde me espreito,
Onde medito os múltiplos porquês,
Das coisas que surpreendo
E não entendo.
Fugi dos sonhos maus,
Das abissais vertigens,
Do impossível caos
De ideias desconexas e virgens,
Que fazem do meu cérebro um campo devastado
E do meu sangue um caudaloso Marne…
Fugi do grito rouco, alucinado,
Da minha própria carne,
Que se agitava em dolorosos trismos,
Na busca dos contactos brutais,
Que a fizessem rolar pelos abismos
Das febres genitais…
Fugi de tudo.
Mas quantas rugas
Custam as fugas
Com que me iludo?
Deus sabe o preço
De cada breve segundo,
Em que me esqueço
Do mundo…
Neste cárcere estreito,
Onde me espreito,
Neste terror em que me sondo,
Em que me escondo,
Em que me afogo,
Em que interrogo
O mistério subterrâneo
Do meu crânio
Partido,
Sopraram ventos de Março,
Tudo ficou destruído,
Sem ordem, confuso, esparso,
Como destroços
De um grande incêndio,
Como uma montanha de ossos,
Como as folhas de um compêndio,
Rasgadas, sadicamente,
Pelos convulsos
Pulsos
De um demente!
Fugi espavorido do meu leito
E vim refugiar-me na mudez
Deste cárcere estreito,
Onde me escalpelizo, onde me espreito,
Onde medito os múltiplos porquês,
Das coisas que surpreendo
E não entendo.
Fugi dos sonhos maus,
Das abissais vertigens,
Do impossível caos
De ideias desconexas e virgens,
Que fazem do meu cérebro um campo devastado
E do meu sangue um caudaloso Marne…
Fugi do grito rouco, alucinado,
Da minha própria carne,
Que se agitava em dolorosos trismos,
Na busca dos contactos brutais,
Que a fizessem rolar pelos abismos
Das febres genitais…
Fugi de tudo.
Mas quantas rugas
Custam as fugas
Com que me iludo?
Deus sabe o preço
De cada breve segundo,
Em que me esqueço
Do mundo…
Neste cárcere estreito,
Onde me espreito,
Neste terror em que me sondo,
Em que me escondo,
Em que me afogo,
Em que interrogo
O mistério subterrâneo
Do meu crânio
Partido,
Sopraram ventos de Março,
Tudo ficou destruído,
Sem ordem, confuso, esparso,
Como destroços
De um grande incêndio,
Como uma montanha de ossos,
Como as folhas de um compêndio,
Rasgadas, sadicamente,
Pelos convulsos
Pulsos
De um demente!
Armando Moradas Ferreira
Comentários
Peço desculpa aos leitores do Ponte Europa.
O autor certamente perdoaria ao amigo o esquecimento.
É sempre com prazer que se lê este Autor.