Momento de poesia
Álcool
Tenho álcool sobre a mesa.
E, golo a golo,
Afasto-me do solo
E da tristeza.
O esquecimento é caro.
O preço, é a cirrose,
A lenta esclerose
De qualquer órgão raro.
Bebo
E percebo
Que a cada trago
Pago.
Até que o esquecimento absoluto
Se decida
E de mim faça um bruto
Ou um corpo sem vida.
Tenho álcool sobre a mesa.
E, golo a golo,
Afasto-me do solo
E da tristeza.
O esquecimento é caro.
O preço, é a cirrose,
A lenta esclerose
De qualquer órgão raro.
Bebo
E percebo
Que a cada trago
Pago.
Até que o esquecimento absoluto
Se decida
E de mim faça um bruto
Ou um corpo sem vida.
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Armando Moradas Ferreira
Comentários
O poema, breve e conciso, retrata bem esse flagelo, talvez herdado da máxima estadonovense: "o vinho dá de comer a um milhão de portugueses".
Queriam um povo alienado e a flutuar num vapor etílico?
Pois então cá está: 33 anos depois, ainda subsiste.